JVH foi ouvir as Alexx V, na Imacustica-Lisboa, sob a égide do saudoso Luís Campos, no cumprimento da promessa solene de as ouvir em seu nome. Promessa cumprida.
A minha audição das Alexx V, na Imacustica-Lisboa, alimentadas por monoblocos DarTZeel NHB-486, com cabos Transparent Audio Opus II G6 (únicos na Europa!), com fonte dCS Vivaldi One (Air Force III para o analógico) foi de natureza privada e solitária, embora o Pedro Duarte entrasse na sala, de vez em quando, a perguntar se era preciso alguma coisa…
![As Wilson Audio Alexx V, no auditório principal da Imacustica - Lisboa. Em primeiro plano, o gira-discos Tech DAS Air Force III, com braço SAT e célula Koetsu Black.](/media/12268/alexx-v-with-air-force-iii-primeiro-plano.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
As Wilson Audio Alexx V, no auditório principal da Imacustica - Lisboa. Em primeiro plano, o gira-discos Tech DAS Air Force III, com braço SAT e célula Koetsu Black.
Mas eu queria muito estar sozinho, em reflexão, para tentar ultrapassar o choque de nunca mais poder ter o Luís Campos ao meu lado, como quando testei as Alexx originais.
![As Wilson Audio Alexx V, com o pórtico frontal fechado.](/media/12275/allex-v-_full-front.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
As Wilson Audio Alexx V, com o pórtico frontal fechado.
Eu sei que sou um crítico chato, que durante a audição está constantemente a pedir alterações de última hora: vamos experimentar mudar os cabos, colocar as colunas mais para trás ou para a frente, abri-las ou fechá-las, comparar o som do pórtico reflex frontal aberto com o traseiro (ver fotos).
![As Wilson Audio Alexx V com o pórtico frontal aberto e mais afastadas da parede, no segundo dia de audições.](/media/12279/allex-v-_portico-reflex-frontal.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
As Wilson Audio Alexx V com o pórtico frontal aberto e mais afastadas da parede, no segundo dia de audições.
E, no caso das Alexx V, que são netas das Wamm, apetecia-me meter as mãos nas réguas e elevadores dos três módulos articulados, cujas relações geométricas influenciam as relações de fase. Mas não me atrevi.
![Wilson Audio Alexx V e DarTZeell monobloco NHB 486, ligadas por Transparent Audio Opus II G6](/media/12269/allex-v-_-com-dartzeel-nhb486-mono.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
Wilson Audio Alexx V e DarTZeell monobloco NHB 486, ligadas por Transparent Audio Opus II G6
As Alexx V são como as Divas da ópera - e igualmente caprichosas. Já as originais eram assim. E quando elas se recusavam a fazer o que nós queríamos: ou porque o agudo não estava a integrar bem, ou o grave a ‘descer’ o suficiente, o Luís contava sempre as histórias de Divas que se recusavam a cantar apenas porque a água no camarim não era a da sua predileção.
![Perspectiva próxima do DarTZeel NHB-486 e o TA Opus II G6](/media/12272/allex-v-_dartzeel-nhb-486-e-transparent-audio-opus-ii-g6.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
Perspectiva próxima do DarTZeel NHB-486 e o TA Opus II G6
E o Luís lá voltava pacientemente a ajustar os ‘degraus’ das Alexx, sussurrando-lhes ao ouvido, como um ‘encantador de cavalos’, que os acalma e consegue convencê-los a saltar mais alto ou a correr mais rápido, apelando à energia latente, e incutindo-lhes confiança e vontade de vencer.
‘Vamos agora ouvir música de cinema’, dizia ufano. John Williams e Hans Zimmer, não há nada melhor para elas mostrarem o que valem, garantia. - Vamos nisso… anuía eu.
![Leitor CD/Streamer dCS Vivaldi One](/media/12274/allex-v-_dcs-vivaldi-one.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
Leitor CD/Streamer dCS Vivaldi One
E logo se ouvia a banda sonora de ‘O Gladiador’ ou ‘Batman’ e de tantos outros blockbusters, com graves telúricos e uma reprodução de espaço e ambiência que fazia desaparecer as paredes do auditório.
Mas o Luís não estava lá. Ou talvez estivesse.
![A enorme sala vazia bateu-me forte e fundo, quando entrei. Faltava lá o Luís, ou talvez não...](/media/12281/allex-v-_sun-rays.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
A enorme sala vazia bateu-me forte e fundo, quando entrei. Faltava lá o Luís, ou talvez não...
Pelo que, em sua memória, toquei antes alguns dos discos que tinha utilizado no teste das Alexx originais.
Sempre que eu ‘calçava os sapatos de crítico’, o Luís abstinha-se de fazer comentários, apenas meneava a cabeça em aprovação com a minha escolha de música; ou mostrava desacordo, com gestos subtis, respirando mais fundo, e mexendo-se na cadeira incomodado, desejando intimamente sacar das suas referências discográficas: gravações mono da Callas, por exemplo.
'Aqui, estava no auge, amigo Zé Victor… que Voz, que capacidade dramática!...A Callas tinha tanto de divino como de diabólico…'.
![Wilson Audio Alexx V, pormenor da cablagem. Em baixo as resistência que permitem 'afinar': graves, médios e agudos.](/media/12271/allex-v-_cabling.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
Wilson Audio Alexx V, pormenor da cablagem. Em baixo as resistência que permitem 'afinar': graves, médios e agudos.
Um dia levei-lhe um comparativo de ‘Casta Diva’, cantada pela Callas, a Bartoli e a Angela Gheorghiu. Passámos a tarde a ‘tirar-teimas’. No fim, ganhava sempre a Callas em mono, porque provocava mais… arrepios!
![Em primeiro plano, os Transparent Audio Opus II G6, únicos na Europa, pois nem sequer estão ainda comercializados.](/media/12278/allex-v-_opus-2-g6.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
Em primeiro plano, os Transparent Audio Opus II G6, únicos na Europa, pois nem sequer estão ainda comercializados.
Em muitas das minhas gravações, registadas no Auditório da Imacustica, ouve-se o Luís a murmurar ou a escolher os discos, fazendo clic-clac com as caixas de plástico.
Mas o Luís não estava lá. Ou talvez estivesse.
![Prévio de Phono HSE Masterline 7](/media/12276/allex-v-_hse-masterline-7-phono.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
Prévio de Phono HSE Masterline 7
Quando toquei ‘Le temps passé’, de Michel Jonasz, que tem uma grave telúrico e trepidante. Ou quando enchi o auditório com o Bosendörfer, de Valentina Lisitsja, tocando Liszt, num registo de Peter McGrath, esse mesmo, o embaixador da Wilson Audio, que já nos visitou várias vezes.
Ou a Sinfonia do Novo Mundo, o mundo onde afinal nasceram as Alexx V, e que tão bem as retrata: dos pianissimi, aos crescendos e aos tutti orquestrais.
Eu já escrevi tudo o que tinha a escrever sobre as Alexx V aqui.
![Gira-discos Tech DAS Air Force III, com braço SAT e célula Koetsu Black.](/media/12270/allex-v-_air-force-iii-sat-koetsu-black.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
Gira-discos Tech DAS Air Force III, com braço SAT e célula Koetsu Black.
Agora vim ouvi-las pela primeira vez, com expectativa e sem preconceitos, e o resultado final ficou registado em vídeo para a posteridade.
Só que já não é possível ouvir, nas minhas gravações, a presença discreta do Luís. Mas sente-se. De tal modo, que dei comigo a falar sozinho, como se estivesse acompanhado.
Mas o Luís não estava lá. Ou talvez estivesse.
Porque o Luís ficou gravado na minha memória, e o som das Alexx está indelevelmente associado à ‘Arte de montar colunas em toda a sala’ deste inesquecível ‘encantador de colunas’.
Deus permitiu-te, amigo Luís, que ainda tivesses tido o prazer de ouvir (e ‘encantar, com a tua arte e sabedoria) as Wilson Audio Alexx V, no Porto.
![Wilson Audio Alexx V: a sentinela do reino da música.](/media/12282/allex-v-_up.jpg?preset=articleBigImageArticle3)
Wilson Audio Alexx V: a sentinela do reino da música.
A estreia europeia das Alexx V no Porto foi assim premonitória. Hélas, foi também a tua última. E se havia alguém que a merecia eras tu. A minha promessa de as ouvir, por ti, em Lisboa, está cumprida. Agora vou deixar-te descansar em paz. Para sempre.
Requiescat in Pace, amigo Luís Campos.
Para mais informações e marcações: IMACUSTICA