
Tudo começou com um amável convite de Luís Patuleia, solicitando o apoio do Hificlube para o que seria a segunda organização da HDMC de um certame audiófilo, depois de uma bem sucedida tentativa, em Lisboa, no âmbito do Forum Hifi. Aceitei de imediato, até porque sempre considerei a divulgação do áudio de qualidade como uma missão pessoal. Deixei também claro que não aceitaria pertencer à organização (e teria muita honra nisso!), até porque devo manter a distância que a actividade crítica me exige.

Eu já sabia, depois da experiência do Hotel Villa Rica, em Lisboa, que o “show” do Porto iria ser bem organizado, mas nunca pensei que iria ter tanto êxito, embora a Invicta seja à partida reconhecida como uma praça forte do reino audiófilo. Isto apesar da ausência para muitos incompreensível de dois dos principais baluartes do Norte: Imacústica e Luz&Som, ainda que esta última se fizesse representar no bar do Hotel por um soberbo par de colunas residentes AvantGarde Trio vermelhas. Sei pessoalmente que estas ausências se deveram a questões de estratégias comercial, mas, depois deste sucesso, já ambas as empresas terão marcado as datas dos próximos eventos nas suas agendas, assim como a Audio Team, Esotérico, Interlux, etc…

No Sheraton terão estado cerca de 2 000 pessoas, segundo a HDMC, mais no Sábado (mesmo com o FCP a jogar ao fim da tarde) que no Domingo e a opinião geral de visitantes e expositores é a de que valeu a pena participar. Nem tão poucas pessoas, como a chuva chegou a fazer temer, que pusessem em causa a dinâmica do certame, nem tantas que impedissem a livre circulação e o acesso às salas: o trânsito fluía, o ambiente geral era excelente e calmo, tendo para isso contribuído o número restrito e racional de expositores, a sua boa distribuição, e a boa qualidade das instalações de um hotel moderno, luminoso e de grande leveza arquitectónica que dignificou o áudio e o vídeo highend. Acima de tudo, respirava-se uma atmosfera cultural e não comercial e agressiva.

Tal como eu desejei no artigo intitulado “A tribo”, que publiquei no CM, o público presente era heterogéneo, conhecedor e obviamente interessado nos equipamentos expostos. Vi também muitos jovens, casais e famílias inteiras, incluindo bebés.


E, claro, foi um prazer reencontrar velhos amigos e conhecidos, trocar impressões com João Jarego e Mestre Tube Dude, e conhecer finalmente muitos dos leitores de longa data e outros mais recentes que se apresentaram de forma simpática, elogiando o meu trabalho no Hificlube.

Até as instalações “artísticas”, quase decorativas, de sistemas de grande qualidade a tocar música ambiente em espaços abertos contribuíram para reforçar o espírito de que se estava num verdadeiro highend show, fazendo-me lembrar o Kempinski, de Frankfurt.

Há muito tempo que não me sentia tão bem num acontecimento cultural. Depois de ter visto, expostos num ambiente de feira, objectos que fazem há muito parte da minha vida e do meu imaginário audiófilo, fico feliz por verificar que recuperaram a sua dignidade - e a minha!
Os meus parabéns à HDMC.