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2010

As Yg Acoustics Carmel Ao Vivo Na Audioelite



Há muito tempo que não fazia uma visita à Audio Elite. Desta vez proporcionou-se, e lá passei umas horas no pequeno auditório, na companhia do Júdice (maître Gaspar está em merecido gozo de férias) a apreciar o rebento da YG Acoustics, as deliciosas Carmel, que me foram apresentadas em primeira mão pelo próprio Yoav Geva, na CES 2010:


 






Na Audio Elite, o equipamento complementar foi diferente: amplificação ASR Emitter II Exclusive, fonte EMM XDS1, cabos Crystal, com uma curta incursão de um par de interconnects da Madrigal; e as condições de audição também: sala mais pequena, como menos bulício (a CES é, no fundo, uma feira), salvo a passagem (audível no vídeo) de um ou outro avião sobrevoando a área.        
Eu e o Júdice já não tinhamos oportunidade de conversar faz algum tempo, pelo que falámos muito, enquanto ouvíamos música – da Fantástica, de Berlioz, à fantástica Diana Krall - sempre com um ouvido atento às mais pequenas inflexões na voz da pequena Carmel.




A primeira constatação é a de que as Carmel não são as Kipod, muito menos as Anat. Elementar, meu caro JVH. Aliás, basta olhar. A Carmel é mais pequena, não é modular e o grave é passivo. Por passivo, entenda-se que não tem amplificação própria, pois, não tendo a extensão e o poder do das suas irmãs mais velhas, está lá quando é preciso e desce quanto baste.
É tudo uma questão de escala. Do palco e dos intervenientes que nele habitam, e dos sons em si, aos quais falta o corpo, que não a solidez, que se experimenta com a audição das Kipod, embora em Las Vegas tenha ficado com a sensação contrária. Seria do jetlag?...

Curiosamente, o timbre dos instrumentos não parece ser afectado: um tenor soa como um tenor, e o mesmo se pode dizer dos metais pesados das orquestras sinfónicas, que sopram com o dramatismo que se espera deles.


Primeiro, sentimos que nos falta 'algo': será o “peito” nas vozes? a caixa, nas guitarras e instrumentos de corda? o ar dentro dos tímbales? a estrutura física do piano que contribui para a estrutura harmónica?


Não, está lá tudo nas devidas proporções, tendo em conta o ponto de partida em termos de escala. Depois, ocorre-nos que nas Carmel tudo isso se traduz por “ausência de caixa”, leia-se, de ausência de colorações produzidas pela vibração dos painéis e da estrutura: a única coisa que vibra nas Carmel são os altifalantes. E não se pode esperar que com o reduzido diâmetro dos woofers Scanspeak Revelator de 7 polegadas se consiga movimentar tanto ar como com os “subs” dedicados das Kipod.


É essa ausência de colorações, associada à excelência dos altifalantes e do crossover, que determina o desempenho superlativo das Carmel, em áreas tradicionalmente vedadas a colunas de caixa e mais consentâneas com a transdução electrostática.


A elevada resolução, por exemplo: a riqueza de informação espacial e temporal; a filigrana harmónica de sons, perfeitamente localizados na ampla tela acústica, que vai pintando com a minúcia da arte japonesa, atenta ao pormenor ínfimo; ou a notável reprodução do decay, que morre de cansaço, e não esbatido no ruído intrínseco da estrutura ou no material absorvente que enche o interior da coluna. Nota: as Carmel são 'ocas' por dentro, e não utilizam espuma, pura e simplesmente porque não é preciso: as paredes rígidas e a geometria eliminam as ressonância internas.


A Carmel é uma coluna analítica, não no sentido quase pejorativo que o termo ganhou nos meios audiófilos, mas no sentido etimológico de instrumento de análise, que, aliado à resposta em fase perfeita, favorece o enfoque e elimina aquilo que em fotografia se designa por “ghost”: uma auréola que envolve os sons e os torna menos definidos.


Aliás, bastou substituir o interconnect da Crystal pelo Madrigal CZGel para se perder uma inacreditável quantidade de informação espacial, apesar de tonalmente o som se ter tornado mais...eh... políticamente correcto. Cabos são cabos, não é? Pois, e bits são bits, pelo que os das EMM deviam ser iguais aos da Sony...


Esta característica analítica não é acompanhada pela proverbial agressividade: a Carmel, graças ao excelente tweeter (um ring radiator adaptado pela YG Acoustics) e ao correcto entrosamento com a unidade de médio-graves, é até uma coluna doce sem ser adocicada, porque permite ao ouvido fornecer ao cérebro a informação que ele necessita para não stressar em busca do que sabe que está lá e não consegue ouvir.


E isto é igualmente verdade a baixo nível de audição, o que as torna no modelo adequado para quem, no silêncio da noite, quer ouvir tudo sem incomodar todos. Permito-me declarar que só as Quad tocam assim tão bem baixinho, sem perder informação preciosa. Outras colunas só revelam a informação toda a partir de um certo volume de som, como se fizessem zoom sobre o palco.


A Carmel é um produto caro (cerca de 21 000 euros!). E obriga a algum tempo de aprendizagem e de “desintoxicação” de colorações. Se não conseguir libertar-se dessa “droga”, que pode tornar experiências auditivas em fantasias espectaculares, as Carmel vão quiçá soar-lhe “fininhas”. Eu chamo-lhes, à falta de melhor analogia, colunas “low fat”.


Não deixe de as ir ouvir. Pela sua saúde...      Fabricante: YG Acoustics Distribuidor: AudioElite


 


 


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