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2004

Festival Linn Na Transom



Carlos Moreira (foto de arquivo)


«Os tempos estão a mudar: a época áurea dos shoppings acabou. Pelo menos na área da electrónica de consumo. Não posso ter uma loja em cada centro comercial só porque atraem gente. A verdade é que hoje em dia 90% dos passantes não compra nada, apenas nos faz perder tempo. Os nossos vendedores sempre atenderam todos os passantes como potenciais clientes: demonstravam, esclareciam, e eles depois iam comprar o mesmo produto numa grande superfície ou através da internet por causa de um desconto de 5% ou menos.



O cliente que nos interessa é uma pessoa esclarecida que gosta de ser atendida por um especialista na matéria e procura um produto de qualidade e com alguma exclusividade, que não se vende logo ali ao lado na loja da esquina. Esta é a razão da nossa aposta em marcas de prestígio, como a Linn, sem descurar, claro, as marcas tradicionais de que somos revendedores há muitos anos: Arcam, BW, NAD, Rotel, etc.



Vou continuar a ter plasmas mas tenho consciência de que não posso concorrer com as grandes superfícies, por isso optamos pelas soluções integradas: sistemas AV de qualidade e prestígio apresentados num contexto doméstico, que inclui móveis funcionais e decorativos, além de tratamento acústico de salas esteticamente aceitável. O cliente pode, se assim o entender, comprar não apenas o sistema mas a «sala» toda, incluindo estantes, mesas e sofás dos melhores designers italianos, candeeiros, tapetes e sistemas de gestão de luz ambiente, som e imagem multiroom e outros automatismos com controlo à distância. Tudo do melhor que se fabrica no mundo. A vasta área de exposição activa de que dispomos na nossa loja das Amoreiras permite-nos oferecer ao cliente um amplo leque de soluções para cada orçamento.



O Festival Linn com três salas acusticamente tratadas (um sistema de áudio puro e dois sistemas «surround», um de gama média-alta e outro topo de gama) é uma forma elegante de exibirmos a nossa competência técnica e de fazer o cliente sentir-se em casa, ou pelo menos na casa dos seus sonhos. Em Setembro, vamos abrir um outro espaço especializado em Cascais, junto à antiga Praça de Touros. Ficam desde já convidados todos os «sócios» do Hificlube».

Foi o meu caso. Eu desloquei-me de Cascais a Lisboa para assistir ao Festival Linn. Andreas Manz deslocou-se também ele propositadamente de Barcelona, sede da Linn Ibérica, para me apresentar algumas novidades. Confesso que foi o desejo de voltar a ouvir o novo Unidisk SC (e «sacar» um teste em primeira mão) que me atraiu sobretudo.


Andreas Manz(foto de arquivo)


O Unidisk SC é um «universal» que dispensa tanto o prévio como o processador e pode ser directamente ligado ao amplificador multicanal com regulação independente do volume dos cinco canais (o sub é regulado no próprio ou pura e simplesmente dispensado do serviço). Esta é de longe a melhor forma de ouvir SACD - sem nada de permeio, com todos os canais em full range e sem sub.



Já tinha ouvido o SC em Munique. Na Transom, a audição teve a vantagem de ser privada e de Andreas estar presente para responder prontamente a todas as questões que lhe coloquei. A navegação fez-se, pois, sem sobressaltos.



O sistema desta sala, composto por um projector Barco Cineversum 60, Unidisk SC ligado a um multicanal 5125 e colunas Espek+Ekwall+Unik (todas com o inevitável K da família Linn), agradou-me fundamentalmente pela ausência da agressividade que caracteriza actualmente grande parte da «produção» AV nipónica.



Vi o «Nemo», ouvi CD, SACD e DVD-Audio e acabei por preferir a todos os formatos um DVD já antigo de um concerto de Marsalis ao vivo, com som Dolby Digital 5.1 e uma imagem assim-assim, o que prova que antes do conteúdo está a forma. A resolução e a qualidade do som dos novos formatos não é tudo: a música continua a ser o mais importante. E se aquilo era música!



Tanto nesta como nas outras salas, o tratamento acústico realizado pela empresa Jocavi, terá tido alguma (muita, garante o Carlos Moreira, que sabe como elas «soavam» antes) influência no resultado final sem pôr em causa a estética e a decoração. Aliás, alguns dos painéis utilizados na sala principal onde pontificavam as Linn Akurate penta-amplificadas (!), com recurso a um X-over Aktive, e o novo processador AV Kinus, são eles próprios objectos decorativos, o que é obra nesta difícil tarefa de domesticar os «maus modos» das salas.

A Jocavi fabrica alguns dos mais belos reflectores do mercado mundial (nunca vi nada parecido, nem mesmo em Las Vegas). E não são apenas bonitos são também aparentemente eficazes. Como não há bela sem senão, são se não caros pelo menos «dispendiosos». A Jocavi faz estudos, medições e orçamentos antes das aplicações. E constrói de raiz estúdios de audição e gravação - chaves na mão. A fábrica é no Linhó e como fica no caminho para o ginásio (há que contrariar a gravidade a partir dos 50 anos...) tenho de lá ir fazer uma visita um dia destes.

Na sala dedicada ao áudio puro os extremos tocavam(-se). O leitor CD-12, o «topíssimo» de gama da Linn (considerado um dos melhores do mundo) numa ponta e as colunas «entry level» Katan na outra, foram utilizadas por Andreas para ilustrar um «white paper» da Linn intitulado «Listening To the Tune», no qual Ivor e companhia defendem que nas audições comparativas o que conta não é o grave e o agudo e a dinâmica e o timbre e mais não sei o quê; o que conta realmente é o «tune», que significa «melodia» mas que eu prefiro traduzir por «expressão musical».



Andreas comparou um excerto de um CD reproduzido por dois prévios diferentes, sendo um deles o novo Exotik, com «expressões» obviamente diferentes ao nível da interpretação e, em especial, da emoção. É incrível o que se perde e o que se ganha com a simples substituição de um componente por outro, disse Andreas. E eu não
sei?...



Nota: sobre a tese da Linn, irei tecer algumas considerações em breve neste espaço livre de acesso ao áudio que está ao serviço de todos os audiófilos sem excepção e aberto a sugestões e comentários.


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