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Hifiman HE6SE – ouro sobre azul

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Os auscultadores que lançaram a Hifiman no campo ‘minado’ (tantas são agora as marcas) dos planarmagnéticos foram os HE5. Mas foram os HE6 que lhe deram fama, embora precisassem de um amplificador do tipo ‘grua’ para os ‘levantar do chão’, não porque fossem demasiado pesados, apenas porque constituíam – e continuam a constituir agora na versão SE – uma carga complexa e difícil. Ou seja, não são propriamente os auscultadores ideais para ligar ao telemóvel.

Para isso, a Hifiman propõe outros modelos com os Ananda, que testámos aqui, e sobre os quais escrevi, entre outras coisas simpáticas (e verdadeiras) isto:

‘Ananda significa felicidade em sânscrito, a mesma felicidade, misto de surpresa e maravilhamento, que vi estampada no rosto de todas as pessoas a quem pedi que ouvissem uma música de que gostassem com estes notáveis auscultadores da Hifiman.’

…os HE6SE não são, digamos, tão ‘espirituais’ como os Ananda, são mais ‘terrenos’ e, talvez por isso, precisam de um amplificador todo-o-terreno para justificar o preço de €1800…

Os HE6SE não são, digamos, tão ‘espirituais’ como os Ananda, são mais ‘terrenos’ e, talvez por isso, precisam de um amplificador todo-o-terreno para justificar o preço de €1800 que a Imacustica pede por eles, embora a minha actual referência – HE1000 – custe quase o dobro, e nem por isso soa duas vezes melhor.

Contudo, ao contrário dos Hifiman mais recentes, que utilizam nanomembranas ultrafinas e são relativamente fáceis de alimentar, os HE6SE mantêm o mesmo diafragma do modelo original, dentro das cápsulas circumaurais do tipo aberto e a mesma baixa sensibilidade (83SPL) e impedância de 50 ohms.

As alterações são sobretudo cosméticas: os HE6SE utilizam agora a mesma cabeceira em cabedal sintético e a estrutura de suporte e ajuste em aço e alumínio dos Ananda (sem pivot rotativo), de cor negro-mate, ao contrário do negro-piano dos HE6 originais.

O peso de cerca de meio quilo, em grande parte devido à manutenção do campo magnético duplo (push-pull), está bem distribuído pela banda de cabedal que assenta na ‘moleirinha’, e os HE6 SE não são desconfortáveis de usar durante períodos prolongados, até porque as almofadas são fofas e agradáveis no contacto com a pele e o cabelo, envolvendo as orelhas completamente sem lhes tocar. Pode optar por almofadas com veludo em vez de pele sintética.

Eu prefiro as de pele, pois o veludo tende a ‘agarrar’ cabelos, pele e ‘caspa’ (se não usa o champô do Ronaldo), motivo porque raramente experimento auscultadores nos shows, não vá ficar careca... E sim, quando os testo, protejo as cabeceiras e as almofadas com papel próprio para o efeito.

Ouro sobre azul

Se quer tirar o melhor partido dos HE6SE, não deixe de os ouvir ligados via adaptador aos bornes de saída do andar de potência do seu amplificador.

Se quer tirar o melhor partido dos HE6SE, não deixe de os ouvir ligados via adaptador aos bornes de saída do andar de potência do seu amplificador.

O peso e baixa eficiência dos HE6SE deve-se, como já referimos, ao facto de utilizarem um campo magnético duplo numa configuração simétrica (push-pull), ao contrário dos modelos mais recentes, cuja membrana mais fina e leve só precisa de uma ‘fiada’ de ímans.

Mas não é só por isso. A ‘teia’ eléctrica que transporta o sinal é fabricada em ouro! Que é mais resistente à oxidação e também à passagem de corrente, daí a necessidade de um duplo campo magnético mais poderoso.

Não admira, pois, que, no estojo de cabedal, além do cabo de ligação normal, agora com jack de 3,5 mm, que permite ligá-lo à entrada de ‘headphones’ convencional do amplificador ou do Amp/DAC, os HE6SE venham acompanhados por um adaptador e extensão de cabo com ficha XLR, para os poder ligar aos bornes de saída do amplificador, como se fossem colunas de 8 ohms!

Estojo de transporte dos HE6SE, em pele, com forro de cetim preto.

Estojo de transporte dos HE6SE, em pele, com forro de cetim preto.

Os HE6SE são os Hifiman mais acusticamente ‘consensuais’ de todas as gamas, leia-se mais politicamente correctos, porque não fazem ‘discriminação de género’.

Por exemplo, o Chord Hugo 2 não teve problemas em alimentá-los até níveis desconfortáveis de audição, nem o leitor vai ter problemas se os ligar a outro bom DAC ou amplificador. Mas não é apenas uma questão de tocar suficientemente alto, é uma questão de tocar suficientemente bem.

Assim, se quer tirar o melhor partido dos HE6SE, não deixe os ouvir ligados via adaptador aos bornes de saída do andar de potência do seu amplificador.

No meu caso, liguei-os aos terminais do Cambridge Edge A, com o qual obtive a melhor performance de sempre de uns auscultadores Hifiman, sobretudo em termos tonais e, particularmente, no grave.

Os HE1000 ‘vão mais abaixo’ mas os HE6SE são mais lineares, com uma estrutura rítmica bem marcada e definida que nos embala para audições prolongadas daquelas de ‘bater o pé’.

O mesmo se pode dizer da transparência da gama média, que é superior nos HE1000, mas mais quente, encorpada, natural e presente nos HE6SE, o que favorece o peito nas vozes masculinas; e menos estridente nas vozes femininas, talvez porque o agudo tem menos extensão e soa também mais doce (ou menos vivo), tornando-os assim nos Hifiman mais acusticamente ‘consensuais’ de todas as gamas, leia-se mais politicamente correctos, porque não fazem ‘discriminação de género’.

Perde-se um pouco do ‘ar’ e ‘espacialidade’ dos HE1000 e dos Ananda, o que se ganha em presença física dos intérpretes. Mas para conseguir esta presença física vai precisar de ir buscar os watts à parte de trás do seu amplificador. Fica avisado.

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Se quer tirar o melhor partido dos HE6SE, não deixe de os ouvir ligados via adaptador aos bornes de saída do andar de potência do seu amplificador.

Estojo de transporte dos HE6SE, em pele, com forro de cetim preto.


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