O modelo mais recente da Progression Series já chegou à ocidental praia Lusitana e vai ainda além da Taprobana: soa (quase) como o Momentum Integrated.
De um ‘caixote com olhos’ evoluiu para um ‘objecto de desejo’. Ainda por cima, um desejo concretizável, pois o modelo-base custa apenas 21.800€, um preço relativamente acessível para um produto da escudaria Dan D’Agostino Master Systems. O Momentum Integrated, por exemplo, tem um preço de 59.990€.
O design final é muito mais apelativo, sobretudo a opção pelos ‘labirintos’ de aletas laterais de dissipação a la Relentless, o baixo perfil, as linhas redondas (e macias) em alumínio sólido, com o ADN do Progression Pre presente no botão de volume com seu anel de cobre, os vuímetros e o painel de comandos, estes montados numa moldura, em vez de incrustados.
A seleção de fontes: Server, Aux, Theater (pass-through), Radio, Phono e DAC, faz-se nos botões do painel, no controlo remoto (por Bluetooth) ou por meio de uma App de comando baseada na mConnect.
Tal como no Momentum Pre, os vuímetros têm multifunções informativas: nível de sinal, volume, equilíbrio entre canais, fase (polaridade) e ‘Mute’.
O coração do sistema é a tecnologia DDMAS, totalmente discreta, integralmente balanceada (input to output), e ligação direta do andar de saída sem recurso a condensadores, debitando 200W/8 e 400W/4, suportados por uma fonte de alimentação com base no mesmo toroidal utilizado nos Momentum 400.
O Progression INT apresenta-se nas cores ‘prata’ e ‘negro’ e, sendo modular, parte de uma base analógica (21.800€) de linha (3 entradas balanceadas XLR, além da Theater, e 2 x RCA; e uma saída XLR para um amplificador externo ou subwoofer) à qual se pode adicionar um módulo Phono MC (2.650€) e um módulo digital (6.500€), com um DAC de alta resolução (DSD256, PCM 24-384kHz (1) em modo diferencial, com entradas coaxial, ótica e USB, além de ligação à rede por Ethernet e Wi-Fi para funções de streaming a partir de um servidor doméstico ou fornecedor externo: Tidal, Qobuz, Deezer e Spotify, sendo compatível com MQA e Roon.
- Informação disponibilizada pela Imacustica, que não confirmámos, pois trata-se aqui de uma primeira audição crítica, e não de um teste hands-on. Na press-release é referida a resolução máxima PCM de 24-192kHz. Mas se tem resolução DSD256, a resolução PCM384kHz tem mais lógica.
Nota:
Em algumas fotos do painel traseiro pode ver-se uma misteriosa saída para Headphones (activa!), que não está referida na literatura distribuída (e que não investiguei, pois este não é um teste hands-on). Ainda pensei que seria provavelmente para adicionar um módulo de amplificação de Classe A dedicada no futuro. Isto seria a cereja no topo do bolo…E é, pois, segundo me informa agora Paulo Soares, a saída está activa, embora não 'corte' a saída para as colunas quando se introduz o jack.
Audição crítica
O Progression INT atuou no auditório 2 da Imacustica, integrado numa banda composta pelos dCS Rossini e Bartók e as colunas Wilson Audio Yvette, tudo cablado pela Transparent Audio.
O concerto, necessariamente breve, em tempo de Covid19, foi dirigido por Paulo Soares que fez as honras da apresentação (de máscara, claro):
Ouvi CD ‘transportados’ pelo dCS Rossini, streaming da Tidal via Bartók e, claro, também apenas o dueto Progression Integrated/Wilson Audio Duette, tendo como fonte privilegiada o Innuos da rede interna da Imacustica, via streaming.
Uma questão de carácter
Como sabem – e eu não cesso de o repetir – testei para a revista Hifi News os Progression Mono, o Progression Preamp/Stereo e também as Wilson Audio Yvette (clique para abrir o pdf respetivo com o teste em inglês).
O teste do Integrated também estava ‘apalavrado’ e, logo que este chegou a Portugal, Manuel Dias teve a amabilidade de me telefonar e dizer: vem buscá-lo, ainda está embalado!...
Mas, tratando-se de uma peça única, achei por bem não privar os potenciais interessados de o ouvir (e aposto que vão ser muitos) nas mesmas condições que me foram proporcionadas – e até com a mesma música, se assim o entenderem, pois ouvi apenas faixas propostas por Paulo Soares, não interferindo nem na seleção, nem na montagem e colocação.
…o Progression Integrated tem o ADN da Progression Series e a personalidade da família Momentum…
E, talvez por isso, cheguei à mesma conclusão que Paulo Soares: o Progression Integrated tem o ADN da Progression Series, isso é óbvio, mas o caráter e a personalidade sonora são da família Momentum, sobre a qual escrevi:
Momentum é, por certo, um dos melhores amplificadores a transístores do mundo, e o melhor amplificador a transístores de um mundo por mim idealizado, enquanto audiófilo e crítico. Porque nunca como agora a análise crítica e a audição pessoal coincidiram tanto nos resultados obtidos: não é mais possível separar com clareza a razão da análise da emoção da audição.
…o Progression Integrated usufruiu ainda de uma grande vantagem: foi concebido tendo já como referência o som dos Relentless…
A voz sensual e sussurrada de Mina Agossi, pairando sobre a estrutura cheia e definida de graves do contrabaixo acústico, fluindo como as ondas na maré: ondas que ora batem forte, oram morrem no vasto palco sonoro da praia silenciosa.
Pode parecer um exercício de fácil execução. Mas não são muitos os amplificadores que mantêm a definição e a extensão das linhas de baixo, sem interferir no dramatismo da dicção, na projeção da voz e na claridade dos glissandos e detalhes de percussão.
Por vezes, senti que o microfone estava em sofrimento face à espantosa escala dinâmica da voz de Bartoli, que vai do extremo agudo ao médio-grave (Bartoli é uma mezzo-soprano que se transforma em soprano de coloratura, sempre que a peça o exige). Não me estou a referir ao microfone utilizado para a captação original, antes ao que utilizei para fazer esta captação direta na Imacustica, sem qualquer processamento posterior.
Mas na sala nunca senti que o Progression Integrated estivesse sob stress. Antes pelo contrário, pois parecia comprazer-se em provar que vai até onde for preciso para reproduzir o que lhe pedem, independentemente da dificuldade. Levou a Bartoli ao colo, como uma noiva de Santo António, o que, convenhamos, é obra!...
Tudo isto sem perder a compostura, o controlo absoluto das Yvette e a noção de espaço que rodeia a orquestra e o coro.
Quando crescer, quero ter os Relentless. Entretanto, era capaz de viver feliz com este Progression Integrated.
Depois da filigrana harmónica e da dinâmica da voz de Bartoli, sinta o poder da secção rítmica que propulsiona esta peça funk, de George Duke. A captação direta do som na sala não faz justiça à incrível solidez e ataque do binómio baixo/percussão.
Se sempre desejou ter um Momentum Integrated, mas temia a aventura do investimento necessário, eis the next best thing for half the price…
O Progression é um integrado para todas as ocasiões e… funções. Um amplificador dos tempos modernos que se vai tornar um clássico rapidamente.
Vá ouvi-lo, nas exactas condições em que o ouvi, no auditório 2 da Imacustica-Lisboa, e vai perceber quando eu afirmo que tem a personalidade dos Momentum e o perfume dos Relentless. Os vídeos que publico são apenas um 'cheirinho...
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