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Audioshow 2019 - reportagem de JVH

Audioshow 2019 - Parte 3 - Prova de Sons

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Notas prévias:

  • Todos os 12 registos sonoros que vão poder ouvir foram captados directamente nas respectivas salas, não tendo sido utilizado qualquer CD ou ficheiro digital na sua edição, nem post-processamento.
  • Para evitar problemas de fase devidos ao movimento da câmara, os registos de som foram efectuados num ponto fixo, em momento imediatamente anterior ou posterior à captação das imagens, logo não-em-simultâneo, com excepção das apresentações, mas correspondendo sempre ao sistema e sala visualizados.
  • Na edição, foram utilizados os conjuntos DAC/Auscultadores Meridian Explorer 2/Pryma e Chord Hugo 2/Hifiman 1000HE. Assim, aconselha-se fortemente que a audição seja feita com um sistema de igual ou superior qualidade e não através do sistema de som do PC ou Ipad ou smartphone.
  • De uma maneira geral, a qualidade de som é muito boa, deixo pois ao critério dos leitores comentarem sobre qual gostaram mais, seguindo as linhas do meu comentário, enquanto ouvem as faixas registadas 'ao vivo'.

Ajasom

Nota: por motivos técnicos (forte iluminação traseira e constante movimento de pessoas entre a câmara e o sistema) optámos por ilustrar os registos sonoros com fotos apenas.

Comentário de JVH

A Ajasom optou por um misto de sala de audição/exposição, onde se podiam ver em exibição estática exemplares de colunas da nova representada YG Acoustics e o novo McIntosh 70º Anniversary (ver Parte 2). Isso revelou ter algumas vantagens e poucas desvantagens. A sala era ampla e as paredes laterais estavam tão longe das colunas que os reflexos secundários não tinham qualquer influência. Por outro lado, a enorme vidraça atrás implica sempre alguma fuga, sobretudo das baixas frequências. Contudo, como os 150 m2 de espaço permitiam às ondas sonoras de baixa frequência desenvolverem-se bem, o equilíbrio tonal não sofreu em consequência.

Para um ouvinte sentado, o constante movimento de pessoas à sua frente pode ter afectado a concentração auditiva. Mas os microfones não sofrem de estados de alma e são imunes aos efeitos psicológicos, e o resultado final é notável, confirmando que a exibição das Audiovector Arreté 11, no Audioshow 2017, não foi um acaso. As Arreté 8 soaram-me tão bem - ou melhor - que as suas irmãs mais velhas. E o meu microfone é como o algodão, não engana...

Diana Krall, ao vivo em Paris, cantando 'A Case of You', via streaming do Innuos Statement, apresentou todos os ingredientes tonais, tímbricos, ambientais e de elevada resolução que são apanágio desta excelente gravação ao vivo, e que seria de esperar de um sistema suportado em electrónica Nagra.

Delaudio

Comentário de JVH

Delfim Yanez prometeu e cumpriu (ver 'Em estágio para o Audioshow'). Arriscou e ganhou. Ao tocar Black Sabath 'Paranoid', a níveis de concerto ao vivo, na Sala Gil Eanes. É muito fácil 'vender' um sistema com discos audiófilos, que até soam bem num rádio a pilhas. Mas um sistema que consegue reproduzir a distorção natural das guitarras eléctricas, sem adicionar distorção própria, é motivo para regozijo em ambiente the hifishow.

Tudo soou no seu lugar e os Black Sabath deram um verdadeiro concerto ao vivo para o público presente. Atente-se ao controlo e ataque da secção rítmica e na boa percepção e inteligibilidade do vocalista, apoiada na guitarra ritmo.

Imacustica

A Imacustica jogou ao mais alto nível em vários tabuleiros. Na Sala Sesimbra, do Hotel Intercontinental; na Sala Camões do Ritz, no luxo requintado do mais belo auditório do certame; e em associação com a Sarte Audio, de Espanha, no Terraço, onde Mestre Ken Ishiwata esbanjou charme e cultura audiófila, perante um público rendido aos seus ensinamentos.

Comentário de JVH

Apesar de relativamente pequena, a Sala Sesimbra revelou ter uma ligeira reverberação que o microfone captou, embora não fosse evidente no local para o ouvido humano, pois o cérebro tem a capacidade de a processar e retirar da equação. Contudo, as Magico A3, aqui alimentadas por Constellation Centaur II, com fontes dCS e Innuos Statement, cumpriram todas as expectativas que eu próprio alimentei, ao escrever recentemente sobre elas o seguinte: 

'A A3 alia as virtudes de uma monitora de 2-vias ao grave de uma coluna de banda larga, com a vantagem da definição e articulação típica de uma caixa fechada. E soa bem ‘maior’ do que a expectativa gerada pela sua aparência, sólida e compacta.'

O leitores interessados podem ler a análise completa aqui.

Tenho muito pouco a acrescentar. As Magico A3 soaram 'mágicas' em Sesimbra: 'grandes', encorpadas e carnudas, sem perda de ataque e resolução. São talvez a sua única hipótese de ter umas Magico sem precisar de uma hipoteca para ouvir assim Chris Jones cantar Long After You're Gone ou Diana Krall cantar 'Temptation'. Uma tentação!

Comentário de JVH

Sentei-me para ouvir as Sasha DAW de novo, e pela minha cabeça só passou um desejo: que Dave Wilson estivesse ali sentado ao meu lado para comentar o trabalho do filho Daryl, com o mesmo orgulho que eu tenho no meu filho, que este ano se juntou a mim para fazer a reportagem do Audioshow 2019, nas redes sociais, como preparação para o Highend 2019, de Munique.

E depois, pensei que, neste caso, quem estava a ser analisado era eu, pois quase todos os presentes tinham, dentro do saco (de papel!) que a Imacustica distribuiu à entrada, uma cópia do meu teste às Wilson Audio Sasha DAW.

Será que fui justo na minha apreciação? Será que fui longe demais nos elogios ou nas críticas? Será que podia ter sido mais severo ou magnânimo na nota? O próprio Daryl Wilson confessou-me, ao ler, que tinha ficado fortemente emocionado. E o leitor o que sentiu? Agora que ouviu as Sasha DAW, acha que a minha crítica reflecte bem a qualidade do som?

Cabe aos leitores decidir.

Para mim, as Wilson Audio Sasha DAW são 'the dream dreamers dreamed'. E sonhar não custa nada...

Em LP, na escolha sempre criteriosa de Guilhermino Pereira, ouvimos 'Bound for Glory', de Neil Young e 'Wish you were here', dos Seguridad Social. Os títulos não podiam ser mais apropriados.

Em CD, Luís Campos passou uma remasterização de Jeep's Blues de Jazz at the Pawnshop, que soou absolutamente fantástica: a ambiência, os timbres, os detalhes acústicos e ambientais. Uau!

Ken Ishiwata (ver entrevista na Parte 2), é 'O Último dos Gurus' do áudio mundial. Ouvi-lo falar sobre áudio e música (sabiam que foi violinista?), é como estar a assistir a uma dissertação de doutoramento. E a sua presença cria um ambiente zen propício à audição musical.

Talvez por isso, o som das Sonus faber Sonetto, alicerçado no duo Marantz KI Ruby, surpreendeu-me como um dos melhores do Audioshow. Há ali um equilíbrio que eu diria estético, e não me refiro apenas ao design, refiro-me à forma como aborda a reprodução musical, que pode ser incisiva, ou doce, focada ou 'ambiental', íntima ou com um palco sonoro de dimensões generosas.

E a ilusão de presença de Louis Armstrong, em St. James Infirmary, seria bastante para convencer mesmo os mais incrédulos.

Como nos ensina a cultura budista, a felicidade é um estado de espírito. Que não se alimenta só de sistemas de preço exorbitante, acrescento eu...

Smartstores

Comentário de JVH

Talvez o melhor sistema 'comprável' em demonstração no Audioshow. Já escrevi aqui que 'há sistemas que custam tanto quanto um apartamento no centro da cidade'. Ora, pode comprar este combinado da Denon Série 800 com um par de Polk Signature e, com o que sobra, compra o tal apartamento e coloca o sistema na sala.

Voltei lá, no dia seguinte, para confirmar se tinha sonhado. Não, estava mesmo a tocar bem. Claro que não tem a escala, a dinâmica e a resolução dos super sistemas, mas reproduz música com competência e elegância, como este When the Lights are Low, de Helen Merrill; ou Sunrise, de Larry Carlton.

Não admira ter sido tão... admirado, quase adorado, por tantos visitantes entusiasmados.

Ultimate Audio

A UAE já anos habituou às grandes produções, e este ano não foi excepção. Eram 200 m2, distribuidos por duas salas, recheadas como um ovo de novidades. Em exposição estática: como os monoblocos híbridos T+A M40 HV, comemorativos dos 40 anos da marca, o fabuloso MSB Reference DAC, com dual power-base, o novo gira-discos de entrada Luxman PD-151 (belt drive); e em demonstração activa: como o RMD PH-2 (unidade de phono de referência) e TP-1 (tape amplifier) do jovem e promissor designer português Ricardo Domingos; e a novidade absoluta do Streamer Pink Faun. Que admito, nem eu próprio conhecia. Onde é que o Miguel vai descobrir estas coisas?!...

E lá estavam em demonstração sequencial, os 3 sistemas, cuja audição prévia já tinha publicado no Hificlube aqui. A saber:

Comentário de JVH

Depois de nos ter brindado, em anos anteriores, com as 'grandes produções IMAX' das Gryphon Kodo e das Avantgarde Trio+BassHorn, a parada era muito elevada.

As Raidho TD4.8 não têm a imponência das Kodo, nem a projecção, escala e velocidade das Trio+Basshorn.

Mas conseguem conciliar, numa coluna esbelta e até domesticamente mais aceitável, ainda que muito cara (130 mil euros), algumas características que definem hoje o highend, enquanto cultura e ideologia audiófila: os altifalantes de pequeno diâmetro estão montados num baffle estreito, o que favorece a imagem estéreo, numa configuração D'Apollito, em lente convexa, com o tweeter de-fita ao centro, ao nível dos ouvidos, garantindo uma focagem pin-point de todos os elementos das forças em presença no palco sonoro. Ou seja, num corpo de line-source temos uma verdadeira point-source. Acresce que o grave tem uma extensão e controlo fora-do-comum para uma coluna tão estreita, ainda que profunda.

Assim, as Raidho conciliam em si a precisão e velocidade das colunas electrostáticas e o poder macrodinâmico das colunas convencionais, como é patente na segunda peça musical do vídeo (II. The Story of the Kalender Prince - Fritz Reiner;Sidney Harth), que foi reproduzida a partir de uma master tape num Technics de bobinas, para o qual o RMD TP-1 foi custom made, por Ricardo Domingos. O palco sonoro atingiu proporções bíblicas, sem perda da individualidade de naipes e instrumentos.

O primeiro excerto, do LP Voodoo, pelo Sonny Memorial Quartet Clark, está anunciado no início do vídeo para provar que a gravação foi, de facto, feita in loco, pois soa tão bem que até parece copiado directamente do LP. Não foi. Tal como em todas as outras gravações aqui publicadas, o que se ouve é o resultado real combinado do trinómio sistema/coluna/sala.

Comentário de JVH

Quando entrei o som das Uno soou-me algo abrasivo e seco. É o que acontece quando se experimenta uma vez o sistema Trio+Basshorn. As Uno são mais domésticas, mais pequenas e mais baratas. Tem de haver compromissos, para quem quer a tecnologia de reprodução de onda esférica, sem os custos associados.

Curiosamente, o meu microfone, já o referi, não tem estados de alma nem memória selectiva, pelo que a gravação da reprodução pelo conjunto Accuphase/Avantgarde Uno de Never Let Me Go, por Bono e The MHD Band, desmente essa primeira impressão enganosa, e o som está equilibrado, com um grave de grande sentido rítmico, ou o Francisco não fosse baixista (ver Parte 2)

Comentário de JVH

As Kii Three + BXT, tendo como único componente associado um streamer  Antipodes CX, provaram à saciedade as vantagens do DSP (filtragem e equalização no tempo e na frequência) sobre os filtros tradicionais de passa-bandas. Cada coluna é composta por 16 altifalantes, cada um com o seu amplificador dedicado, num total de 7000W (!) e todos soam como um todo coerente e focado.

Quando testei as Kii Three, escrevi: 'as ‘Three’ reconciliaram-me com as audições prolongadas de todos os tipos de música e sempre com a mesma qualidade, ou seja sem as variações impostas pela acústica da sala, ou pela proximidade das paredes.'

Ora, os módulos de graves BXT só lhes deram ainda mais poder macrodinâmica sem afectar a microdinâmicas , algo que fica aqui bem patente com o som de guitarras dedilhadas vs. o impacte e ataque de uma bateria.

Esta foi a melhor actuação de umas B&800D3 que já ouvi. Atribuo o facto à excelência da amplificação, Gryphon Antileon, à montagem criteriosa de Rui Calado e à demonstração de Rune Skov, que me revelou este 

  • Concerto for Violin No. 5 in G Minor, BWV 1056: II. Largo - Gli Incogniti / Amandine Beyer

O timbre do violino é perfeito, a interpretação é revolucionária e a reprodução das B&W800D roça a perfeição.

Melody Gardot já não soa tão bem em Our Love Is Easy (Live), porque se trata de uma gravação de qualidade inferior, com excesso de peso no médio-grave, que a ressonância da sala reforça. As B&W800D3 não têm aqui culpa nenhuma.

Mas Melody Gardot ouve-se com prazer até num telemóvel. Por exemplo, enquanto escrevo, estou a ouvir Currency Of Man, na Tidal. Não percam.

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