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AUDIOSHOW 2014 - LISBOA

Audioshow 2014 - Lisboa - Wrap-Up final

Palácio Valle-Flôr - Hotel Pestana Palace, palco do Audioshow 2014

No Hificlube, tentamos ser diferentes todos os anos, sempre na busca da reportagem perfeita. Já houve um tempo em que tudo era mais simples e inocente: poucas fotos e muito texto por ordem alfabética. Isso implicaria só começar a publicar depois de terminar a cobertura integral.


Ora, na era digital, o leitor quer a informação relevante na hora. Há até quem, com grande sucesso, se limite a publicar as fotos em bruto. Pega-se no chip, utiliza-se um programa de formatação ou não, e lança-se tudo na rede sem...uh...rede.


No Hificlube optamos por publicar as fotos também em video, o que permite o visionamento em full screen HD, com um pouco de música de fundo. E depois os videos com som ambiente para criar...uh...ambiente. Finalmente, publicamos registos áudio do som real das salas para os leitores poderem fazer o seu próprio juízo, tanto os que lá foram como os que não tiveram oportunidade de o fazer.


Isto dá tanto trabalho de edição que eu devia ter juízo, e voltar ao tempo do corte e costura. Assim como assim, há leitores que preferem a escrita à imagem, why bother? Por outro lado, há os que se queixam que estou agora mais ‘informativo’ e menos ‘opinativo’.


Considero que hoje em dia é preciso ser sempre o primeiro a informar depressa e bem, utilizando diferentes ângulos e perspectivas, e só depois opinar com calma, deixando a poeira da polémica assentar.


Os leitores são, portanto, convidados a rever a matéria dada nos Episódios 1 a 8, para melhor entenderem e concordarem (ou não) com a minha análise escrita.

Absolut S&V/JLM

Sala Independência - Absolut Sound & Video - JLM Group

Sala Independência - Absolut Sound & Video - JLM Group

O mais acessível de todos os sistemas em análise soou seco e sem adiposidades (vibração do soalho bem controlada pelo peso e solidez da base), limpo com excelente presença, focagem, projecção e elevada resolução, tanto com LP (Avid Acurus) como CD (Atoll), apesar do notável DAC Chord Hugo, que eu utilizo regularmente como referência, não ter precisado de ir além do RedBook: 44/16, quando pode ir até 384/32 com ficheiros de alta resolução.


O trio Atoll/Crayon/Davis Nikita constituiu uma agradável surpresa e espalhou perfume musical francês no Pestana Palace (Episódio 8). E nem faltou o toque nacional dos cabos AudioFidem Nexus. O la la, la vie en rose...

Ajasom

Sala Paso - Ajasom/McIntosh

Sala Paso - Ajasom/McIntosh

A McIntosh é famosa pela excelência e beleza dos seus amplificadores com os olhos azuis de Sinatra. Muitos nem sabiam que também fabricam colunas de som, embora o modelo XR290 que está na base das XRT1K seja de 1990. A Ajasom decidiu assim demonstrar um sistema integral McIntosh made in the USA pela primeira vez em Portugal (with a little help from a Canadian friend: Louis Desjardins e o seu Kronos Sparta).


Embora esbeltas e elegantes as XRT1K não fizeram esquecer as belas e exóticas Vivid, que nem precisam de cantar para encantar.


As XRT1K só utilizam unidades activas ditas convencionais, mas são tudo menos convencionais, ao ponto de as podermos considerar colunas híbridas como as Martin Logan, tal é a transparência da bateria de altifalantes no painel superior, cuja excelente dispersão no plano horizontal recria um palco amplo e muito estável com boa “visibilidade” de qualquer ponto da sala.


No plano vertical, tratando-se de uma line-source as XRT1K, que utilizam 44 tweeters e 24 unidades de médios! em titânio, além de dois woofers de 10 polegadas, são mais críticas quanto à altura do ponto de escuta e, sobretudo, da distância do ouvinte à coluna, pois a integração perfeita faz-se a partir dos 3 metros.


Não são colunas para grandes pressões sonoras e exploração das profundezas telúricas, pois os woofers não movimentam muito ar, daí talvez a opção da Ajasom por um subwoofer suplementar.


Mas em utilização doméstica têm duas enormes vantagens: enchem a sala de música de forma uniforme, permitindo que o/os ouvinte/s se movimentem e não fiquem limitados a um ponto de escuta sentado; e conseguem manter o equilíbrio tonal independentemente do volume e do ângulo de dispersão, quando se sabe que grande parte da concorrência precisa de tocar alto e apontadas para um ponto para tocar bem.


São a coluna ideal para quem gosta de receber visitas numa sala de boas dimensões, pois impressionam visualmente (sobretudo quando acolitadas pelos amplificadores de olhos azuis) e proporcionam um agradável ambiente musical e social, tal como se verificou, aliás, na Sala Paso onde o ambiente era informal e familiar.


E antes que pensem que as proponho apenas para “dar música de fundo”, no Episódio 5 oiçam bem alto com auscultadores como esta banda americana canta os blues!...


A amplificação e as fontes estão aqui acima de qualquer suspeita. Mas eu teria gostado de voltar a ouvir uma das minhas grandes paixões audiófilas: o MC275 50th Anniversary!

Delaudio

Sala Árabe - Delaudio

Sala Árabe - Delaudio

Tal como no caso da Ajasom, a fonte (Esoteric) e a amplificação (Pass) não se discutem. Mas as Raidho são novidade em Portugal, e como são as colunas que “dão a cara” pela música, é sobre elas que vou opinar.


Já conheço as Raidho há muito tempo e, recentemente, tive o prazer de passar uma tarde musical com um par de C2.1 cortesia de Delfim Yanez (ver aqui). O modelo apresentado no Audioshow foi o D3.1.


Nota: o “C” indentifica a utilização de unidades cerâmicas, o “D” designa as unidades de “diamante”.


Do “C” ao “D” a diferença não é pequena, sobretudo no preço. Mas as Raidho não são caras apenas porque oferecem um design apelativo e acabamentos de luxo. As Raidho são das colunas mais “rápidas“ do mundo. E as unidades de diamante conseguem finalmente acompanhar a velocidade transitória do tweeter de fita.


O som é seco, limpo, de elevadissima resolução e, apesar disso, doce e musical. E têm como poucas o sentido do tempo, aquilo que M.Colloms designa por ‘rhythm and pace’ (Episódio 4)


Há anos que Delfim luta contra o tempo, não o cronológico (vamos, hélas, ficando mais velhos) ainda menos o metereológico (não pára de chover...), mas o tempo musical, que pode destruir uma obra quando não é escrupulosamente respeitado pelo maestro ou pelo leitor-CD!...


Creio que Delfim Yanez encontrou finalmente a coluna de som capaz de fazer justiça ao relógio de rubídio G0 Rb da Esoteric e aos cabos Black SAT (O Cabo que Veio do Espaço).


Se eu fosse um crítico anglosaxão, teria escrito: precision, accuracy and speed.

Esotérico

Foyer Beau Séjour - Esotérico, Consultores de Som

Foyer Beau Séjour - Esotérico, Consultores de Som

'Eyes wide shut’, era o título de um filme de Kubrik, que se aplicaria bem aqui. Nos meios audiófilos, fala-se muito do “teste cego”. Mas como é possível ficar indiferente a tanta beleza? Da sala, das Focal Utopia Stella V2, do Tejo lá fora?


As fotos que fazem justiça ao cenário foram publicadas no Episódio 6. Esta foi tirada da ‘sweet spot’, quando Alberto Silva, em desespero de causa, já tinha desarrumado as almofadas dos sofás na tentativa de controlar um pouco mais os modos da sala (que é bonita mas tem mau feitio), algo que os tube traps não tinham logrado fazer completamente.


Ora isso só aconteceu porque as Stella são de banda laaarga, descem lá bem abaixo e ‘pegavam’ na sala pela frequência de ressonância do soalho de madeira. Se quer ouvir do que elas são realmente capazes, desloque-se ao auditório da Esotérico, em Loures (ver aqui).


Um audioshow é como a montra de uma loja de roupa de marca. É preciso entrar e provar para saber se fica bem, e só comprar depois de discutir o preço. E se o alfaiate for bom, como é o caso, ajusta-se o fato por medida às condições da sua sala. Vai assentar-lhe com uma luva, mesmo quando aparentemente possa parecer justo ou um pouco...uh...largo.


Alberto é um demonstrador experiente e com uma selecção criteriosa de música conseguiu fazer esquecer o problema, ao mesmo tempo que realçava os médios cremosos das Stella, cujo corpo é curvilíneo e macio, e não me refiro só às colunas mas ao som que produzem, que é expansivo, relaxante e respira com uma naturalidade orgânica, texturada, palpável, quase humana.

Imacústica

Desde que inaugurou a loja da Av. do Brasil, onde dispõe de excelentes condições de demonstração, Manuel Dias tem optado por ir a jogo no Audioshow com um par de reis, guardando os ases para o “all-in” no auditório principal, como foi o caso da apresentação este fim de semana do sistema Constellation/Magico (ver Episódio 7), com enorme sucesso de público.


Mas nem por isso deixou o historial e o prestígio da Imacústica por mãos alheias. Aliás, não podiam estar em melhores mãos. Na Sala Campolino, a dupla Luis Campos/Guilhermino Pereira (Episódio1); e na Sala Correio-Mor (Episódio 7), o jovem Ricardo Polónia (coadjuvado por Paulo Soares), exibiram os seus dotes de comunicação nos palcos onde actuaram, respectivamente: os novos Audio Research Galileo e as colunas Sonus Faber Lilium; e as Wilson Audio Sasha alimentadas pela obra de arte que dá pelo nome de Dan D’Agostino Integrated.


Eu tinha já uma boa quota de experiência auditiva com o primeiro sistema, num dos auditórios da Imacústica, no âmbito de um projecto a publicar em breve em rigoroso exclusivo na imprensa internacional, e foi interessante comprovar a influência da sala no resultado acústico final. É curioso verificar como é sempre possível detectar o ADN dos sistemas, independentemente do espaço que habitam.


Claro que numa refeição musical de qualidade, o menu conta quase tanto como a baixela, e os discos servidos revelaram o que eu já sabia: o ARC GS 150 com as revolucionárias válvulas KT 150 é superior ao actual REF150, e as Lilium foram apenas o veículo transparente desta minha afirmação que para alguns talvez seja surpreendente.

Sala Campolino - Imacústica I

Sala Campolino - Imacústica I

Quanto ao “Dan” integrado é na minha opinião a grande estrela da série Momentum. E provou-o ao varrer a alcatifa do soalho de madeira da Sala Correio-Mor com as Sasha II, cuja capacidade para excitar o ar à sua volta, aliás tudo à sua volta, sobretudo os ouvintes, é notável. Um som controlado, poderoso e excitante e, contudo, capaz de momentos de autêntica poesia sonora.

Sala Correio-Mor - Imacústica II

Sala Correio-Mor - Imacústica II

Ultimate Audio Elite

Sala Lusitano I - Ultimate Audio Elite

Sala Lusitano I - Ultimate Audio Elite

Quando conheci o António e o Miguel, em 2009, pensei que eram apenas mais dois apaixonados pelo áudio highend que se queriam divertir um pouco nos poucos momentos de ócio que as suas exigentes profissões permitiam. O tempo provou que levam o seu papel de distribuidores muito a sério, tendo-se rodeado de especialistas de nomeada como Rui Calado e Jorge Gaspar e associando-se a um meu compagnon de route de longa data: o Júdice.


A evolução da UAE, tanto no plano nacional como internacional, sobretudo em Espanha e Angola, tem sido meteórica. E quando se pensava que já não havia mercado para mais áudio highend, eis que do seu vasto portfolio fazem parte marcas...uh... marcantes como: Absolare, ASR, Audeze, Aurender, Ayon, CH, emmLabs, Estelon, Gryphon, Lumin, Marten, MSB, Oppo, Rockport, TAD, Trinity, Vienna Acoustics, VTL, YG, etc.


Com um cardápio destes a dificuldade está na escolha da equipa base para participar nos jogos olímpicos do audioshow. Pois a UAE optou por convocar as principais estrelas da companhia - e não “alugaram meio-campo”: actuaram no estádio todo com lotação esgotada!


Como sempre, por muito que se tente chamar a atenção para as fontes e amplificadores, são as colunas de som que ficam na retina – e no tímpano. E, portanto, o que se ouvia nos corredores era: já ouviste as Marten? E as Estelon?...


As Marten Supreme II são grandiosas em tudo: no tamanho, no preço e no desempenho (ver Episódio 2). E mesmo custando 390 mil euros não são as mais caras do mundo! Para o preço muito contribuem os materiais utilizados: fibra de carbono, kevlar, altifalantes com cones de cerâmica e tweeters de diamante. A tecnologia, a complexidade da construção e a exclusividade explicam o resto, se é que se pode explicar racionalmente um investimento desta magnitude numas colunas de som.


Colunas gigantes em espaços gigantescos normalmente resultam em imagens ‘bigger-than-life’, quase cinematoscópias;


Colunas de banda muito larga em salas reverberantes normalmente resultam em manifestações de carácter ribombante;


Colunas colocadas a dez metros da parede de fundo normalmente resultam em profundidade artificial do palco sonoro;


Colunas colocadas a cinco metros da primeira fila normalmente resultam em falta de presença e de sensação táctil dos sons e acentuada perda da definição das altas frequências.


As Marten Supreme II contrariaram todas as ideias feitas e preconceitos audiófilos. Se é verdade que registos sonoros em close-up como o sax de Archie Shepp podem “engrandecer” o instrumento, também engrandecem o prazer da audição. Mas quando ouvimos o Stradivarius de Anne-Sophie Mutter em tamanho real, percebemos que as Supreme II se limitam a reproduzir a opção do engenheiro de som, ou do músico.


Aliás, o violino de Anne-Sophie permitiu-me concluir que o duplo tweeter de diamante é o que mais se aproxima da performance de um tweeter de plasma que ouvi até hoje, superiorizando-se mesmo aos ribbons: timbre perfeito, sem modulações espúrias ou vibratos artificiais ditados por distorção na passagem de testemunho entre a unidade de duas polegadas e a de uma polegada.


Admito com uma pontinha de orgulho nacional que a estabilidade inabalável do RB Ultimo II terá tido uma boa quota parte no resultado geral.


Mas um violino não são só agudos. Há médios e graves. Sim, graves, sobretudo quando a nota vem acompanhada do halo natural de reverberação. E só uma coluna com coerência de fase perfeita o consegue reproduzir na sua integralidade e integridade.


Esta coerência de fase é também responsável pela estabilidade da imagem e a precisão da focagem patente no LP de Cotton Club, sem esquecer que fase e nuances micro e macrodinâmicas estão intimamente relacionadas.


Resta o acoplamento acústico exemplar com o ar da sala proporcionado pela passividade “activa” das seis unidades que a Supreme II leva na mochila, que estende os graves de forma judiciosa sem lhes permitir veleidades bombásticas.


Aleluia!, ouviu-se na sala que se transformou num vasto espaço de concerto ao ar livre. Amén, digo eu.

Sala Lusitano II - Ultimate Audio Elite

Sala Lusitano II - Ultimate Audio Elite

Na outra Sala Lusitano (ver Episódio 3), aterraram as estonianas Estelon Extreme vindas de outro planeta. O design é alienígena na forma e funcional no modo, pois são articuladas para permitir ajustamento de fase geométrica em função da distância ao ouvinte. Até a geometria do tweeter é ajustável para uma melhor integração e coerência de fase, embora sem atingir a precisão temporal das Supreme II.


As Estelon Extreme e as Marten Supreme II utilizam ambas unidades cerâmicas da alemã Accuton, por isso não é surpresa que tenham um carácter sonoro semelhante, se bem que o seu relacionamento com a sala (com as mesmas dimensões, embora simétrica) não fosse tão, digamos, pacífico.


Julguei pressentir a presença da ‘sala’ no ‘peito’ de Carlos do Carmo, ‘baritonizando’ os registos baixos da sua voz dourada pela idade no excelente álbum com Sassetti. E, numa versão do Messias, tive a sensação de ‘excesso’ de profundidade do palco, não que isso não seja sempre espectacular e com este tipo de música coral até desejável, mas porque roubou um pouco de presença física ao coro.


O momento mais alto foi uma big band (que não identifiquei) a abrir (ver Episódio 3) com perfeita definição de timbres, espaços e resolução dos silêncios, aliada a uma dinâmica avassaladora, na qual o extraordinário DAC da Trinity desempenhou por certo um papel importante.


Nota: o crítico aqui faz o polémico papel de membro do júri de um qualquer concurso televisivo Master Chef, no qual tem de dar uma opinião sobre o todo com base na prova de dois ou três ‘petiscos acústicos’. Até por isso, os leitores devem ler a análise com...’uma pitada de sal’...


 

Palácio Valle Flôr Hotel Pestana Palace, palco do Audioshow 2014

Sala Independência - Absolut Sound & Video - JLM Group

Sala Paso - Ajasom/McIntosh

Sala Árabe - Delaudio

Foyer Beau Séjour - Esotérico, Consultores de Som

Sala Campolino - Imacústica I

Sala Correio-Mor - Imacústica II

Sala Lusitano I - Ultimate Audio Elite

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