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Editorial

Editorial - Agosto 2016

Imacustica - Lisboa - desenho a carvão by JVH (photoshop)

O highend atingiu um tal patamar de preço, peso e dimensão que se tornou um pesadelo logístico e um risco, tanto financeiro (o elevado investimento do distribuidor) como em termos de segurança (acidente, roubo, avaria).

A prática tradicional de transportar o equipamento para o crítico montar na sua própria casa e utilizar como se fosse seu não deixou de ser viável mas é, no mínimo, desaconselhável.

Tratando-se de highend, são muitas vezes exemplares únicos, o que, além de privar o distribuidor de o poder demonstrar a quem de facto o compra, exige condições de audição e equipamento complementar de que nenhum crítico dispõe. Em muitos casos, seria o mesmo que ouvir o U2 ou a Filarmónica de Berlim no salão paroquial.

Viasonica - auditorio principal

Viasonica - auditorio principal

Claro que ao crítico interessa mais levar o equipamento para casa, alegando que precisa da sua sala como referência, mesmo quando esta não tem as condições acústicas necessárias. Quanto mais não seja para poder exibir o ‘Ferrari’ aos amigos.

É um facto que sempre defendi que não bastam umas horas de audição durante um fim-de-semana para poder chegar a uma conclusão válida. Mas também é verdade que a maior parte do tempo se perde a montar, ‘queimar’ e colocar o equipamento na sala.

Quando, finalmente, se conseguiu um compromisso satisfatório, telefona-nos o distribuidor a dizer que precisa do material – único em stock - para uma demonstração. Aconteceu-me demasiadas vezes.

Ajasom - auditório principal com demonstração de um sistema McIntosh

Ajasom - auditório principal com demonstração de um sistema McIntosh

Acresce que as condições de audição do crítico, o material e a música utilizada não podem ser replicadas pelo leitor em casa, que só pode assim basear-se na boa-fé da opinião publicada.

À medida que os principais distribuidores se dotaram de excelentes estúdios e espaços dedicados de audição, pensei se não seria melhor ouvir os equipamentos, sobretudo as colunas que pesam uma tonelada, em condições ideais, já ‘queimadas’ e devidamente montadas, bem amplificadas e cabladas, com fontes de eleição, tendo eu como referência a minha música e a experiência de 30 anos de audições técnicas.

Além, claro, da total disponibilidade e colaboração para alterar a colocação das colunas na sala, com apoio de pessoal especializado e substituir todo ou parte do equipamento complementar e os respectivos cabos durante o teste, com reserva da sala durante o tempo que entender necessário para audições.

Delaudio - auditório de Carnaxide

Delaudio - auditório de Carnaxide

Esta nova prática já fez escola em outros países, onde os críticos a utilizam cada vez mais, quando se trata de equipamento highend ou exclusivo, do qual só existe um exemplar ou par disponível, porque só assim conseguem ter acesso mais cedo às novidades (a Hifi+, por exemplo), reservando-se o espaço doméstico ou o escritório para testar equipamentos mais acessíveis, fáceis de transportar, montar e integrar no sistema residencial, como é o caso das Elac V6, do iFi iCAN Pro e do Chord Dave que tenho em mãos.

E tem a vantagem de o leitor poder ele próprio ouvir as colunas, sistema ou componentes em análise nas mesmas exactas condições – e até com a mesma música – para assim avaliar da justiça da opinião do crítico, o que não seria possível, ou seria pouco provável, em condições de avaliação doméstica e privada, logo não sujeita a escrutínio democrático.

Esoterico - auditório principal em Loures

Esoterico - auditório principal em Loures

Aliás, também é assim – ou devia ser – com a crítica de cinema, na qual um filme em IMAX deve ser visto numa sala com condições técnicas para tal, e não no televisor doméstico em DVD; na crítica gastronómica, que deve acontecer no restaurante, e não por meio de ‘take-away’, pois o serviço e a competência técnica também contam; e até na música, onde ouvir o concerto no CCB não é o mesmo que ouvir o disco no carro.

E quanto à crítica discográfica, estamos conversados: durante mais de 20 anos, assisti, em vários órgãos de comunicação onde trabalhei, a locutores a passar discos na rádio num sistema com uma coluna pifada; ou ‘críticos’ que avaliavam discos com leitor-CD portáteis e auscultadores de espetar no ouvido, e muitas vezes só com um para assim poder continuar a conversar com os colegas.

Já se questionaram por que motivo a nossa crítica discográfica nunca se refere à qualidade de som dos discos, apenas ao conteúdo?...

O próximo passo lógico é a formação de um painel de ouvintes composto por leitores seleccionados do Hificlube para contribuir com a sua opinião durante pelo menos uma das sessões de audição crítica, não sendo esse contributo definitivo para o resultado final mas apenas informativo. Já se inscreveu para receber a nossa newsletter? Mantenha-se atento.

Ultimate Audio Elite - auditório principal

Ultimate Audio Elite - auditório principal

Vem isto a propósito de audições críticas, que tenho vindo a realizar nos auditórios de alguns distribuidores que deles dispõem (ver aqui e aqui, a título de exemplo) e mesmo testes, nomeadamente no âmbito de projectos para revistas britânicas, como é o caso da HifiCritic (ver aqui) e da HifiNews (aqui, aqui e aqui).

De notar que, no caso da HFN, que implica também a publicação de testes laboratoriais, o equipamento ou coluna é primeiro medido em laboratório no Reino Unido, e só depois enviado para análise auditiva em Portugal.

Luis Campos, no auditório principal da Imacustica Lisboa com as Wilson Audio Alexx

Luis Campos, no auditório principal da Imacustica Lisboa com as Wilson Audio Alexx

O próximo teste a publicar em breve na HFN é sobre as Wilson Audio Alexx, que foi realizado no auditório principal da Imacústica – Lisboa. De que outra forma seria possível garantir as condições técnicas de audição, a reserva do auditório, o apoio de Luís Campos em exclusivo para a montagem e a possibilidade de mudar toda a amplificação para a sessão seguinte?

Nota: as fotos que ilustram a galeria fotográfica abaixo são referentes ao teste das Wilson Audio Alexx na Imacústica – Lisboa, que será publicado na edição da HiFiNews, Novembro 2016 (nas bancas em Portugal no início de Outubro, um pouco mais cedo na edição online). E até pode ir lá ouvi-las entretanto para depois ler o teste com o saber de experiências feito. Será que tocam melhor com transístores (Constellation Audio) ou válvulas (Audio Research)? Aceitam-se apostas...

Galeria fotográfica Wilson Audio Alexx, Imacustica - Lisboa
Clique sobre a primeira foto para aumentar e abrir a galeria.

Imacustica Lisboa desenho a carvão by JVH (photoshop)

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Ajasom - auditório principal com demonstração de um sistema McIntosh

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Luis Campos, no auditório principal da Imacustica Lisboa com as Wilson Audio Alexx


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