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2012

Audioshow 2012 – Parte 4: “os Pesos-médios”: Monitor Audio Gx300, Atc Scm, Audionote An, Tannoy Kensington, Xavian Virtuosa



 DELAUDIO/MONITOR AUDIO


 


  


Delfim Yanez tinha-me dito que não estava motivado para participar no Audioshow, mas a sua alma audiófila falou mais alto. No último minuto (havendo uma sala pequena disponível), acabou por aparecer. E em boa hora o fez, acompanhado por um Esoteric K-07 (ligado a um relógio de alta precisão), amplificador Plinius P-10 e colunas Monitor Audio GX300. Aparentemente, um sistema simples, não fora a sofisticação da electrónica Esoteric. E os cabos...


No cantinho da sala, um “sub” Gibraltar G2: “só está a dar um cheirinho...”, garantiu.


Em condições menos que ideais, este sistema “acessível” (pelo menos em comparação com os “garanhões” que “davam coices” nas cavalariças lá fora), tocou mais música que som. Ouviram-se discos reais (CD), daqueles que as pessoas gostam de ouvir em casa, e um pouco de tudo: folk, pop, rock e muita clássica. Optamos por esta última, por ser acusticamente mais abrangente.




Quando lhe disse que o som estava muito equilibrado, já sabia o que ele ia responder: o segredo está no “silêncio” e no “tempo”, dois conceitos audiófilos que Delfim “redescobriu”, quando passou a utilizar o cabo de ligação Black Sat, que eu também utilizo com frequência, aliás, e que já designei como o “cabo que veio do espaço”, tendo sido originalmente concebido para aplicações da NASA, com parâmetros de exigência militar, como os de resistir a vibrações e tempestades magnéticas.


A qualidade deste notável cabo ficou provada num teste do Hificlube registado em video, ao qual os leitores podem aceder aqui. É incrível como, mesmo no video, se ouvem pequenas diferenças entre os takes com cabos diferentes.


O cabo de coluna era o Black Sixteen, também um dos meus favoritos para testar equipamento, porque, passe o exagero, conheço bem a “voz” de cada um dos 16 membros (condutores) do coro; e a correcta sintonia entre resistência, capacidade e indutância. 



EXAUDIO – ATC


  


Convém frisar que ouvi este sistema, por breves instantes, apenas o tempo necessário para registar as imagens e o áudio. Deste modo, não cheguei a sentar-me na sweet spot , ocupada por um casal jovem, que estava claramente deliciado com o que ouvia, como podem observar.




Ouvi primeiro as colunas SCM 50 ASL; e depois, numa segunda visita, as 150, sempre off axis, e soou-me o conjunto, tonalmente seco e harmonicamente esquálido, algo electrónico ainda que sem ser duro ou estridente. A ATC fabrica alguns dos melhores monitores profissionais de estúdio do mundo. Assim, permito-me especular, deve ser este o tipo de som que os engenheiros preferem: muito limpo e com amplos tectos dinâmicos. Enquanto audiófilo, admito que tenho gostos mais “artísticos” que técnicos, mea culpa...



EXAUDIO – AUDIONOTE


  


Eis um som que está nos antípodas do ATC: encorpado, “envelhecido” pela madeira, com gosto de fruta madura, ameixas e especiarias: canela e noz-moscada. Parece brincadeira, mas não é: os sentidos estão todos interligados. O paladar (como referência cultural) e os olhos (como complemento visual) também contribuem para a nossa percepção do mundo audiófilo que nos rodeia.


A Audionote, que funciona melhor como um todo homogéneo, tem aquele conhecido aspecto retrógado e artesanal, de sistema que herdamos do avô paterno. Mas uma pessoa senta-se e fica ali, leda e queda, com ar de incredulidade: 8W, só!?...




Se há um amplificador que soa “a válvulas” é o Audionote Empress. Se há um amplificador que pinta o som com as cores crepusculares de Turner, é este.


Claro que as “colorações eufónicas” e a distorção benigna de 2ª harmónica são mais que óbvias para o ouvido treinado. Um audiófilo emérito, sentado ao meu lado, comentou a propósito: o violino (video não seleccionado) que ouvi na Gulbenkian não soava assim, tem mais “ar” e é mais incisivo, mas isto é muito agradável de ouvir, sem dúvida...


Aos Audionote desculpam-se os “males” do som, pelo bem que a música nos sabe...


Recomendado para quem gosta de ouvir música durante muitas horas seguidas. O som dos Audionote é inebriante. Fiquei por lá deliciado, mesmo depois de cumprida a minha árdua - e nem sempre bem compreendida - tarefa de repórter acidental. É preciso dizer mais?...


Nota do editor: a fraca qualidade das imagens registadas numa sala “à luz das válvulas”, e o constante deambular, em frente da câmara, do demonstrador de serviço, para regular o volume do som (um pouco mais e distorce), obrigou-me a optar por ilustrar também este video com a foto do sistema para ganhar “metragem”. Os excertos dos registos áudio correspondem, contudo, à ambiência e ao som original  obtido “ao vivo” na sala da Exaudio, incluindo o fritar do LP. Também tenho registos (não publicados) de conversas em fundo (a dizer bem) e a porta de entrada constantemente a bater de gente que entrava e saía. How any more real can you get than this, eh?...


VIASÓNICA/TANNOY


 


A Tannoy regressou ao nosso convívio, agora pela porta grande da SupportView. Entretanto, a McIntosh, que também era distribuida pela defunta Videoacústica, mudou de camisola e joga agora pelas cores da prestigiada Ajasom. São duas marcas de renome internacional, com uma longa história que fala por si, e cuja permanência no mercado nacional era fundamental.


A McIntosh é a “Harley Davidson” do áudio, proudly made in America. Faz agora parte do mesmo grupo financeiro da Sonus Faber e da Audio Research, mas continua a ser fabricada na fábrica que visitei há 25 anos, e onde observei, de facto, o orgulho de todos os que cuidam daqueles belos “olhos azuis”.


A mesma sensação que tive, aliás, quando visitei a fábrica da Tannoy, há também mais anos do que me atrevo a revelar (o tempo passa, meu Deus!, mas, vá lá, há coisas que ficam melhores, como o uísque...).  


José Filipe, da Viasónica, resolveu juntar estas duas marcas emblemáticas na mesma sala, e recebeu-me com a cortesia habitual. Entrei antes das portas do Audioshow abrirem e, durante algum tempo, tive a sala só para mim, pelo que pude fotografar e filmar com luz natural.


E tive também mais tempo para ouvir música através das colunas Prestige Kensington SE c/ amplificação McIntosh MA 7000, tendo como fonte o leitor-CD MCD 500.




As Kensington utilizam o famoso altifalante Dual Concentric da Tannoy, em cujo princípio se baseou o Uni-Q da KEF. Na altura que visitei a Tannoy, havia uma guerra de patentes, entretanto resolvida. A Tannoy utiliza a PepperPot WaveGuide, a KEF a actualTangerine WaveGuide. Em ambos os casos, o objectivo é evitar os reflexos secundários da unidade de altas frequências na superfíce do altifalante de médio-grave em movimento e melhorar a dispersão off axis.


A vantagem deste tipo de altifalantes reside na coerência de fase do princípio point source. E é essa coerência que permite, a um ouvinte sentado na sweet spot, por exemplo, focar com elevada precisão e estabilidade qualquer “ponto de som” no amplo espaço do palco sonoro.


As Kensigton SE utilizam o princípio de “carga” do tweeter  por corneta, e são por isso muito eficientes (93dB!!), podendo ser facilmente alimentadas por amplificadores a tríodos de baixa potência. Dispõem ainda de controlos de ajuste fino das altas frequências (por nível e pendente). O acoplamento com a sala do reforço interno dos graves é feito por dupla “ranhura” longitudinal, ao longo do baffle, para garantir uma distribuição mais uniforme que o vulgar “pórtico” cilíndrico. O design e a construção em madeira e os acabamentos são do tipo “mobiliário clássico” que distingue a linha Prestige.




Esta Kensington tinha estatura e 'peso' suficiente para ser incluída na categoria de “Meio-Pesados”. Assim, na categoria de “Médios” acabou por sobressair sem dificuldade (basta ouvir os videos), porque soube sempre responder às variações do programa. A qualidade do som dependeu sobretudo da qualidade da gravação. Além do MCD500, fazia parte do equipamento um StreamMagic da Cambridge Audio.  


ZENAUDIO XAVIAN


 


 


Quando entrei na sala, tocava exactamente a peça que se ouve no video nr1: Carmina Burana. Apesar dos esforços do Miguel, a acústica da sala tinha ainda alguma “vivacidade”, patente no envelope que envolve a sua voz. Notei ainda alguma compressão, audível no video – é preciso dizê-lo com frontalidade - como distorção, para a qual, admito, terá contribuido também a eventual sobrecarga do microfone.



O facto de a gravação ter sido feita de pé, com o microfone muito acima da linha do tweeter, terá também contribuído de algum modo para alterar o equilíbrio tonal original das Virtuosa, que “ao vivo” me soou bem mais “virtuoso”.
Mesmo assim, tiro o chapéu ao Miguel, pois eu não me teria atrevido a passar a “Carmina”, nestas circunstâncias.
Felizmente, pude de seguida apreciar feierlich und gemessen ohne zu schleppen (solene e compassado, sem arrastar) o 3º andamento da Sinfonia nr.1 de Mahler, pela Orquestra do Festival de Budapeste, sob a batuta de Ivan Fischer (video nr.2), uma marcha em tom fúnebre, sob a qual se esconde a canção popular Frère Jacques. Embora só passe um excerto pouco representativo deste facto da parte final do andamento no video (as imagens que ilustram o ficheiro áudio são as mesmas do video nr.1), posso revelar que as Virtuosa descobriram sem problemas o simpático frade dorminhoco “escondido” na marcha fúnebre, logo no mote de abertura...



As colunas Xavian Virtuosa foram alimentadas pelo amplificador integrado Blacknote DSA150, com o ficheiro digital a 192kHz processado pelo DAC Goldnote Favard (um ilustre desconhecido para mim). As Virtuosa utilizam versões basicamente semelhantes dos altifalantes ScanSpeak das Sonus Faber Elipsa, pelo que o 'carácter' do som é também muito semelhante, apesar da diferente concepção de construção.  


Ouvi ainda em primeira mão as Xavian Bonbonus (nome delicioso), alimentadas por um sistema Micro da Goldnote, mas elas são tão pequeninas que vão combater mais tarde na categoria de “Leves” (ou Peso-Galo?). 


Notas finais: O sinal áudio dos vídeos desta secção, e bem assim das outras secções, corresponde a excertos seleccionados, sem processamento, tal como se ouviram “ao vivo” nas respectivas salas, em condições de gravação longe das ideais, pelo que são meramente ilustrativos – e não necessariamente representativos - da qualidade de som dos respectivos sistemas. 


As imagens foram editadas para obter um efeito mais dinâmico e informativo, ilustrando-as com a técnica de overlay  (imagens sobrepostas transparentes ou opacas), pelo que nem sempre o que se vê corresponde ao som que se ouve. Esta técnica em nada interfere com o sinal áudio. Em nenhum caso, foram utilizados CDs ou ficheiros digitais post captação directa na edição de áudio, como é fácil de perceber pelo ruído ambiente.


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