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2004

Eventus Audio Metis - Parte 2





Acendam velas

O equilíbrio tonal das Metis soou-me assim em geral um pouco «puxado para cima» (será ainda a ausência de ressonâncias e colorações de caixa?), conferindo aos sons agudos um brilho de seda - literalmente, o tweeter Morel (lembra o Esotar) tem cúpula de seda - e uma presença nos registos médios altos que enfatiza a sensualidade sussurrante das sibilantes de Patricia Barber e me deu por vezes a sensação de estar a ouvir música com auscultadores abertos, tal a limpeza asséptica do som das Metis.

Se há uma coluna de som a pedir que a casem com um amplificador a válvulas (SET) é esta. Embora não sejam das mais eficientes (88dB 1w/1m), a impedância é benigna (6 Ohms) e o baixo factor de amortecimento da tecnologia de vácuo não constitui aqui problema. E, já agora, junte-lhe um gira-discos analógico - a Interlux especializou-se nessa área.

As Eventus Audio Metis são inexcedíveis no «mapeamento» do palco sonoro, um verdadeiro exercício de cartografia de precisão. Não me refiro à «volumetria» do palco que é pouco expansivo; refiro-me ao posicionamento exacto de cada interveniente no seu espaço de acção que surge como que iluminado por um feixe laser individual. Os Americanos chamam a isto «pin-point-accuracy». Neste particular lembram uma versão menos musculada das famosas Wilson Watts (sem as Puppies).

Primeiro estranha-se...

Quem não for capaz de resistir a tanto charme, para parafrasear Abrunhosa, tem de aprender a aceitar as limitações de potência das Metis na gama inferior do espectro áudio, isto se não quiser perder o espectáculo único a este nível da cenografia acústica e a catadupa de informação «atmosférica» que lhe está associada. As Eventus Audio Metis são amor à primeira vista mas não são amor à primeira audição. A ausência das colorações de caixa é um hábito que se adquire com o tempo: ao princípio estranha-se, depois entranha-se, diria Pessoa se as pudesse ouvir. Ao fim de um tempo, o som das outras colunas vai saber-lhe a «barril». Estas belas italianas associam os tons meridionais da madeira natural ao aço fino dos suportes, qual espada de samurai que corta em quatro partes sons já de si finos como cabelos, uma imagem que me foi suscitada pelo que ouvi e pela grelha de madeira (retire-a sempre para ouvir música) a lembrar uma máscara de Kendo.

Nunca a proverbial máxima audiófila «ouvir antes de comprar» fez tanto sentido. As Metis custam 2 100 euros (600 euros pelas bases) e Carlos Henriques, da Interlux (não é meu familiar), está pronto para lhe proporcionar também a si o prazer da descoberta na nova loja da Av. da Liberdade, 245, loja 8, em Lisboa (21 314 3804).


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