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2006

Audioshow 2006: Ou O Que Resta Dele - Parte 2



Deixei passar a 4ª Feira em claro para as coisas acalmarem: os distribuidores estavam um pouco nervosos na 3ª Feira, em especial com as condições e os resultados práticos do seu investimento. Mas eu sabia que, depois da angústia da mudança, que é sempre dolorosa, todos arranjariam lá no fundo forças para tirar o melhor partido do que, à partida, parecia ser um desastre.



A aposta agora é no fim-de-semana: esperam-se não-sei-quantos milhares de pessoas! Para o meu trabalho, quanto menos gente melhor, admito. Entro, sento-me, oiço música, falo com os poucos amigos e leitores que vou encontrando nas salas, saio e volto a entrar - sem filas e sem precisar de cunhas para entrar pela porta do cavalo.



Na 5ªFeira a sinalética tinha melhorado: cá em baixo já se sabia o que havia lá em cima. O elevador estava avariado. Subi pela escada. A vantagem é que o acesso às 4 salas do Piso 1 do Pavilhão 3: Delmax, Imacústica, Viasónica e Videoacústica, e as 2 do Piso 1 do Pavilhão 4 (e não 3, a Transom só está presente no terreiro da Feira): Ajasom e Polifer, o acesso, dizia eu, se pode fazer directamente pelas escadas sem precisar de comprar bilhete. Aliás, para um audiófilo pouco mais há para ouvir - o resto é paisagem audiovisual e muitos móveis…



PAVILHÃO 3



DELMAX

Voltei a gostar. Desta feita, o Rui colocou na gaveta do Copland um disco de um músico que eu desconhecia e o piano soou vibrante e cheio. Este é o tipo de sistema perante o qual eu me sento, ou então deambulo pela sala, para ouvir música e até para conversar um pouco e não para ouvir som, o que já exige um espírito analítico e atento. As Sonus Faber Concertino e os PrimaLuna Prologue Two ouvem-se e gostam-se. Pronto.

O Rui também é assim: um pessoa de quem se gosta. Decorou a sala com gosto simples e eficaz (a irreverência da pele de vaca na chaise-longue), e conseguiu, com o auxílio de um projector escondido, o feito/efeito de obter luz azul a partir de válvulas incandescentes. Sempre se compensam os olhos pelo facto de o som das Wilson, a tocarem na sala ao lado, entrar por ali dentro sem pedir licença…



IMACÚSTICA

O Luís e o Guilhermino já tinham dado a volta ao problema e as Wilson Watt Puppies 8, alimentadas por um Krell Evolution 402, tocavam para um público atento que entrava e saía sem hora marcada. Velhos tempos da meia-hora na longa fila de espera…



Afinal, enganei-me (ver Parte 1), talvez por não conhecer as Puppies 8: o grave enfático das versões anteriores foi, finalmente, domesticado e, embora mantenha as características dinâmicas que tornaram este modelo no ex-libris da marca (a resposta a transitórios em toda a banda é fantástica), soou poderoso e articulado, tanto quanto é possível conseguir nas condições acústicas disponíveis, sem qualquer tratamento.



As Wilson Watt/Puppies 8 não são colunas fáceis, pois respondem de forma franca, por vezes demasiado franca (a energia nos registos médio-altos torna-as muito reveladoras e incisivas) à qualidade e pureza da água que nasce na fonte. Não aconselho, pois, a que o visitante entre para ouvir apenas uma faixa de um único disco e faça de imediato um juízo de valor. Eu ouvi uma boa meia-dúzia de faixas de um programa variado e a minha opinião variou também: do razoável ao excelente (o som do acordeão, por exemplo).



De resto, o sistem Wilson/Krell não perdoa, ou melhor, explora até ao limite todos os truques das técnicas de gravação - e alguns são truques sujos!...



Provocadoras! Autoritárias! Personalizadas! É como se molhassem um pano na água do rio do som e nos dessem com ele encharcado na tromba…



Ora, ninguém sai de uma experiências destas indiferente.



VIASÓNICA

Voltei à Viasónica para ouvir o sistema Audio Research/Martin Logan e estava tudo virado ao contrário. O José Filipe optou por colocar as Vantage na parede oposta. Diferenças? Talvez o grave tenha ficado mais controlado. Mas isso também se podia obter com um corte de 1 ou 2dB no controlo dos 35Hz. Não fiquei o tempo suficiente para perceber se a sensação de melhor integração entre o médio e o grave se ficou a dever ao disco ou à mudança da mobília. A simples coragem de mudar mostra preocupação em tentar oferecer o melhor ao seu público. Só por isso já merece um elogio...



PAVILHÃO 4



AJASOM

Surprise! Surprise!A Meridian mudou de camisola e defende agora as cores da Ajasom. E que cores! Nos primeiros planos, a imagem estava soberba de resolução e detalhe. E os efeitos de “moiré” no pano de fundo devem-se, sobretudo, aos múltiplos holofotes utilizados nos concertos ao vivo.



Adorei ouvir/reencontrar a Diana Krall, em Paris, em Dolby Digital, pois a versão DTS tinha problemas de sincronização (lipsync).


E o dueto entre Robbie Williams e Frank Sinatra provou duas coisas: o som não acompanhou o progresso notável ao nível da imagem vídeo, ou então já tinha atingido a perfeição há 40 anos; e Frank só há um: o Sinatra e mais nenhum…


Emocionei-me, ainda, a ouvir a nossa Mariza (ver vídeo). O som estava excelente: natural, cheio e dinâmico. Melhor que ao vivo! As novas colunas de parede/encastrar activas/passivas Meridien A330 prometem. E aquele “ribbon” faz toda a diferença: há muito tempo que não sentia o verdadeiro gostinho do fado e da guitarra portuguesa.


6ªFEIRA, DIA 20


Voltei à sala da Ajasom só para confirmar o que já tinha escrito. Desta vez vez, sentei-me de lado, e o som Dolby Digital continuou a agradar-me: natural, cheio, com excelente projecção das vozes. O som DTS tinha um problema qualquer de afinação. Mas as três divas encantaram-me em DD: Diana Krall, Cecilia Bartolli e Mariza. Já sei que o pessoal acha que o fado é careta, mas aquilo não é fado, é arte, eu diria mesmo que é quase jazz ibérico, com acordes ciganos e ritmos africanos. Além de que todo o concerto é um deslumbramento de bom gosto estético: aquele guarda roupa...


Se possível a imagem do Runco CL810 estava ainda melhor: excepcional resolução e cromatismo perfeito. Os cabelos de Cecila Bartolli podiam contar-se um a um! Talvez agora os leitores percebam quando eu escrevi aqui que o Blu-Ray (a 1080i, como se viu no stand da Sony) não vai trazer nada de novo. O DVD ainda tem muito para dar...


POLIFER


É a actual distribuidora da Burmester, Dynaudio e Naim em Portugal.


Depois da excelente sessão audioviosual na Ajasom, a sala da Polifer tinha pouco para oferecer, além da simpatia do anfitrião João Velez. O som estava a níveis muito baixos, quase de presença (o João disponibilizou-se de imediato para subir o som a gosto), mas, apesar da opção do distribuidor por umas Dynaudio Contour em detrimento das B60 ou B80 da Burmester, sentia-se lá por baixo a classe e a honestidade tímbrica da electrónica Burmester. Vou ter de ir à loja da Polifer fazer uma sessão auditiva intensiva.


O problema vai ser quando o pessoal do fim-se-semana souber que um amplificador Burmester pode custar tanto ou mais que a mobília toda do quarto da Lurdinhas que vai casar porque apareceu grávida…


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