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Reviews Testes

Exaudio ‘no frills’ desktop system

Acoustic Energy AE-1 copy_003.jpg

Pedi a João Pina, da Exaudio, que me sugerisse um sistema desktop simples, adequado para quem já tem um DAC e utiliza a Roon no computador para o streaming: a sugestão chegou rápida na forma de um Pre/HeadphoneAmp Bryston BHA-1 (2.939€) e um par de monitoras activas Acoustic Energy AE1 (1.057€).

O Bryston BHA-1 (2.939 €) é um prévio apenas com saídas balanceadas e um amplificador muito versátil de auscultadores, com saídas simples (jack de 6,3 mm) e balanceadas (de 3-pinos para canal esquerdo e direito e estéreo de 4-pinos). Não tem DAC interno, nem streamer. O modelo, já com alguns anos de tarimba, tem provas dadas e a Bryston achou – e bem – que era melhor não ‘ir em modas’, pois em equipa que ganha não se mexe.

Nota: Nos preços de ocasião da Exaudio, tem disponível um streamer all-in-one Olive One 1TB, por apenas 499€, que pode ser o complemento ideal para este sistema.

As Acoustic Energy AE-1 (1.057€) são colunas activas (50W Classe A/B), com entradas simples e balanceadas e controlos de volume e ajuste de agudos e graves. Nada de amplificação de Classe D, wi-fi e/ou Bluetooth. Como dizem os anglo-saxões, you get what you pay for.

Acontece que, ao fim de duas semanas de audição, eu cheguei à conclusão que, no caso das AE-1, you get more than you pay for, enquanto o Bryston BHA-1 se pautou como um parceiro essencialmente neutro, não só capaz de ‘deixar brilhar’ as AE-1, como de me permitir ligar vários auscultadores ao mesmo tempo (dinâmicos e planarmagnéticos), revelando-se uma ferramenta imprescindível para um crítico de áudio, ao expor as características acústicas próprias de cada um deles, tanto em termos de sensibilidade como de resposta em frequência e equilíbrio tonal, sem contribuir com nada de si próprio, que não fosse a potência limpa disponível em cada situação particular. 

Claro que pode sempre dispensar o BHA-1 e optar por um DAC com saída de prévio mais barato, ou até ligá-las directamente ao leitor-CD, pois têm controlo de volume.

Bryston BHA-1 preamp/headphone amp (balanced)

Bryston BHA-1 preamp/headphone amp (balanced)

Reliable and accurate são os termos da língua inglesa que melhor definem o canadiano Bryston BHA-1.

Assim, a minha análise vai incidir primordialmente sobre as AE-1, com o BHA-1 a ‘segurar os cordelinhos’ nos bastidores (até porque é de um campeonato superior).

As colunas, contudo, ‘dão a cara’ pelo som e são aqui quem mais contribuiu para o resultado final, ao interagirem com os diferentes espaços onde foram colocadas.

A ideia inicial era utilizá-las como monitoras desktop, ladeando o ecrã do computador e, portanto, para serem ouvidas no campo próximo, estilo monitor de estúdio, situação na qual cumpriram com desvelo a sua função de monitorizar a música da minha bem recheada biblioteca digital (com recurso a um DAC Chord Hugo 2), tendo aproveitado também para fazer a selecção que tenho vindo a publicar de playlists de vídeos por distribuidor, que realizei ao longo dos anos, e têm vindo agora a ser repostas em tempo de crise de novidades.

Cedo percebi que as AE-1 mereciam ser colocadas num pedestal e utilizadas num espaço mais amplo, com um leitor-Universal da Oppo como fonte (CD, SACD, BluRay Audio), ligado ao BHA-1 por cabos balanceados Nordost Valhala (um devaneio, pois são mais caros que as colunas), perante a desenvoltura do som e a excelência do voicing: médios cremosos, tipicamente britânicos, mas menos laid-back que o som BBC; agudos ao nível de um tweeter de fita vindos de uma cúpula de alumínio muito bem comportada; e graves surpreendentes para uma volumetria interna tão reduzida.

O acoplamento acústico com o ar da sala faz-se por slot-reflex, que é sempre preferível, em termos de controlo, ao habitual tubo cilíndrico de carga, sem perda aparente de extensão, que aqui decai naturalmente.

Não é, claro, a extensão do grave que impressiona (40Hz -6dB), nem podia ser, as leis da física são imutáveis, mas a prodigiosa ‘quantidade’ e surpreendente ‘qualidade’ do grave: potente, rápido, definido e bem entrosado com o tweeter.

Para utilização desktop aconselho até a reduzir o grave em -2dB, no respectivo comutador traseiro. O agudo soa muito bem em flat, ao contrário da AE1 Classic (passiva) que, se bem me recordo, era um pouco empertigada, quando era confrontada com discos demasiado vivos, e exigia amplificadores autoritários ou cabos dolentes.

As colunas ‘activas’ têm a vantagem de dispensar cabos de coluna. Basta um bom interconnect. Já viu o que poupa?...

Se tem uma sala de +/- 20m2, não vai precisar de muito mais que um sistema tão simples quanto este, mesmo em termos de satisfação musical. Pode sempre optar mais tarde por um subwoofer, mas duvido que para ter mais quantidade aceite pactuar com a perda de qualidade, depois de viver com as AE-1 durante uns meses.

E tem sempre a opção das audições ‘silenciosas’ com auscultadores (vai ter de desligar as AE-1, porque todas as saídas do BHA-1 estão permanentemente activas).

Em ambos os casos, a esposa agradece: primeiro porque poupa espaço (e dinheiro); em segundo lugar, porque a família pode ver a televisão na mesma sala, ou dormir sem ser incomodada pelas suas deambulações audiófilas noite fora.

Acoustic Energy AE-1

Acoustic Energy AE-1 Active: uma monitora activa elegante, ágil e potente.

Acoustic Energy AE-1 Active: uma monitora activa elegante, ágil e potente.

As caixas de 30 x 185 x 250 mm, com arestas boleadas, das AE-1 são bonitas de se ver. As minhas apresentaram-se no altar vestidas de branco, como brides in their married bliss. Também as há vestidas de negro ou cerejeira. Ambas, com a mesma pureza (sonora) da flor de laranjeira.

O acabamento lacado é impecável e extensível ao baffle, que exibe um altifalante de médio-graves de 125mm com cone de alumínio e um tweeter de 27mm (também com cone de alumínio protegido por uma grelha metálica), este montado numa ‘guia de onda’ WDT (Wide Dispersion Technology), um nome pomposo para uma placa côncava de plástico rígido que regula a dispersão das altas frequências para uma melhor integração com o woofer na zona de sobreposição (filtro de 4ª ordem).

O woofer tem um anel do mesmo material (que esconde os parafusos de aperto) em cuja parte inferior se acende um led minúsculo que indica o modo On/Off. Junto à base, está o logótipo em baixo relevo da Acoustic Energy.

Nota: a AE-1 não tem ruído de comutação quando se liga (o habitual ‘thump’ está ausente) mas, curiosamente, ouve-se um ligeiro clic, quando se desliga.

Ambas as unidades exibem anéis exteriores de montagem em metal muito fino, que dão um toque final de requinte aos acabamentos. As grelhas de tecido negro são colocadas por meio de suportes magnéticos, mas duvido que alguém queira esconder esta carinha laroca…

Acoustic Energy AE-1 (activa) - painel traseiro

Acoustic Energy AE-1 (activa) - painel traseiro

O painel traseiro denuncia a natureza activa destas AE-1, com a inevitável entrada para a corrente de sector, e as entradas simples e balanceada para o sinal áudio (analógico), o controlo de volume independente e os controlos de ajuste de agudos e graves (+/- 2dB).

Audição crítica

Uma das muitas vantagens da parelha Roon/Tidal é a descoberta de novas experiências e o revivalismo de música fantástica que a vida foi deixando para trás, como ‘Bright Red’, de Laurie Andersen. O som da percussão na faixa de abertura ‘Speechless’ vai deixá-lo ‘sem fala’.

O som da percussão na faixa de abertura ‘Speechless’ vai deixá-lo ‘sem fala’.

Como é que umas colunas tão pequenas têm esta performance? E a voz de Shelby Lynne, gravada com o mesmo microfone a válvulas que Sinatra utilizava, no álbum de homenagem a Dusty Springfield: ‘Just a Little Lovin’? Sigam a cama de pétalas da secção rítmica sobre a qual Shelby canta ‘’Breakfast in Bed’, um tema capaz de levar uma feminista à apoplexia. E o timbre, feito de uísque e tabaco, da voz de barítono de Dean Martin, em ‘I’m confessing…’, do álbum ‘Dream With Dean’? Wow, man!

A pièce de résistance foi contudo a reprodução integral no Oppo de um disco que me foi oferecido há alguns anos pelo próprio João Pina, da Exaudio: Reference RecordingsHR X Sampler 2011, com uma vasta colecção de faixas de obras clássicas e de jazz gravadas pelo Prof. Keith Johnson, que eu conheci pessoalmente em Las Vegas, nas apresentações da Spectral.

Reference Recordings HR-X Sampler 176,4kHz/24 bit

Reference Recordings HR-X Sampler 176,4kHz/24 bit

Todas as faixas deste sampler são reproduções a 176/24 das mastertapes originais, e vão da Abertura Sussex, de Malcolm Arnold, ao Concerto para piano nr.21, de Mozart, à famosa ‘Hopak’, de Tchaiskovsky, ao ‘Pássaro de Fogo’, de Stravinsky, a Respighi e Britten, fechando com extras jazzísticos, como o famoso ‘Swing’, de Dick Hyman, tudo gravado no limite da perfeição.

Claro que já ouvi tudo isto em muito melhores condições, com sistemas de milhões, mas as AE-1 não se deixaram envergonhar, nem eu me senti minimizado na minha ‘autoridade’ de crítico. No final, o que conta é a música…

Conclusão lógica

Se anda à procura de umas colunas monitoras activas (sem funções digitais) na casa dos mil euros, que sejam ao mesmo tempo agradáveis aos olhos e aos ouvidos, as Acoustic Energy AE-1 devem fazer parte da sua short list. Aliás, numa época em que a audição presencial é desaconselhada, pode mesmo apostar no escuro e encomendá-las online na Exaudio, porque não ficará desiludido. Pela minha parte, fiquei até surpreendido. Well done, Acoustic Energy!

Acoustic Energy AE 1 copy 003

Bryston BHA-1 preamp/headphone amp (balanced)

Acoustic Energy AE-1 Active: uma monitora activa elegante, ágil e potente.

Acoustic Energy AE-1 (activa) - painel traseiro

Reference Recordings HR-X Sampler 176,4kHz/24 bit


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