Hificlube.net visita a Imacustica-Lisboa para conhecer o novo auditório e assistir a dois concertos memoráveis, que registámos em vídeo para os nossos leitores: Devore Orangutan O/96 e MBL 126. Duas ‘vozes’ muito diferentes, que cantam igualmente bem.
Devore Orangutan O/96: A Beleza das Coisas Simples
Muito prosaicamente, as Orangutan, assim chamadas pelo tom castanho-avermelhado do laminado de madeira do painel frontal, não passam de um ‘caixote com dois altifalantes aparafusados’, pelo qual se pede uma pequena fortuna (18.750 €).
Imacustica - Sala 2: Devore Orangutan O/96
Contudo, a simplicidade estética é enganadora, assim como a desarmante sofisticação artesanal, pois o som que sai lá de dentro é de uma cativante naturalidade e ouve-se durante horas sem cansar. Algo que o leitor pode fazer, na Sala 2 da loja da Imacustica-Lisboa, onde estão montadas com o seguinte equipamento associado:
- Colunas: Devore Fidelity Orangutan O/96 – 18.750€
- Amplificador Integrado: Dan D’Agostino Pendulum – 29.700€
- DAC: dCS LINA X – 15.990€
Dan D'Agostino Pendulum
No nosso caso, ouvimos uma boa dezena de faixas, das quais selecionámos para o vídeo as seguintes:
Nota: as vozes off que se ouvem aqui e ali são a prova de que a gravação foi feita na sala e não copiada de um CD ou ficheiro.
- ‘Empty Dreams’, por Youn Sun Nah, a Diana Krall asiática, que cantou como se estivesse ali de corpo e alma: um sonho cheio e sensual, e não um sonho vazio.
- ‘Where The Time Went’, por Ex:Re, uma escolha de Pedro Henriques do projeto a solo da cantora britânica Elena Tonra, a lembrar o estilo ‘London Grammar’, com uma sonoridade melancólica e atmosférica. A canção fala do tempo que passa e de como, ao olharmos para trás, sentimos a falta de pessoas que já não estão presentes. Um lamento que as Orangutan reproduzem com profundo humanismo e sentimento.
- ‘Dont You Know Who I Am?’, da neozelandesa Reb Fountain (folk, rock e elementos de música alternativa), que nos foi apresentada pelo próprio John Devore, no High End Show de 2024, e acompanhou as nossas audições, desde então. A canção fala-nos da nossa luta com a perceção que os outros têm de nós. Que é extensiva à perceção certa ou errada que os outros podem ter também das coisas de que gostamos. Assim, nós não devemos comprar colunas da Devore só para impressionar os outros; devemos comprá-las pela impressão duradoura que provocam em nós. E os outros que se lixem!
Oiça-as também alimentadas por amplificadores a tríodos de baixa potência. Foi para isso que elas nasceram.
MBL 126: ar puro da montanha
Desde que a MBL passou a atuar na equipa da Imacustica, ainda não as tinha ouvido tocar na sua nova residência artística. E logo num palco que foi especificamente pensado (mas não só) para as sessões ‘Saturday Mornings’, uma iniciativa de sucesso que tem atraído um público conhecedor e entusiasmado, tanto a Lisboa como ao Porto, dirigida por Carlos Saraiva, que tem partilhado com o saber de experiências feito a sua preciosa coleção de LP.
Manuel Dias e Carlos Saraiva (Saturday Mornings at Imacustica)
Desta feita, o novo auditório, recentemente montado na cave da loja da Av. de Berna, tinha sido reservado em exclusivo para mim e para o Pedro Henriques e, em demonstração, estava o seguinte sistema de som:
- Colunas: MBL 126 (radiais híbridas) - 12.930€
- Amplificador Integrado: MBL C51 - 9.720€
- CD/DAC: MBL C31 – 7.950€
- Streamer: MBL C41 – 9.200€
Novo auditório na cave da Imacustica - Lisboa com capacidade para 40 pessoas.
O auditório é amplo e está profusamente tratado com difusores e absorvedores acústicos, mas é um pouco mais ‘vivo’ que os auditórios do primeiro piso, logo com uma acústica mais próxima de uma sala comum decorada com tapetes e cortinados.
Sistema MBL Cadenza c/ colunas MBL 126, no novo auditório da Imacustica - Lisboa
Depois da audição prolongada das Devore Orangutan O/96, o contraste não podia ser maior: enquanto as Devore primam pelo corpo e pela textura, as MBL reproduzem a transparência do ar que envolve os músicos, conferindo uma identidade própria a algo que antes era vagamente etéreo.
Sistema MBL Cadenza: Integrado, leitor SACD/CD e Streamer
Permitam-me utilizar uma analogia já muito batida, mas que descreve bem a sensação auditiva: o som das Devore mastiga-se como um Porto ‘vintage’, tal é o corpo de todos os elementos que o compõem; o das MBL respira-se como o ar puro da montanha.
Um bom exemplo é o excerto da Suite para Violoncelo, de Bach, por Jean-Guihen Queyras, que ilustra a perspetiva panorâmica do auditório, com que abrimos o vídeo. Nota: esta faixa também foi reproduzida na sala das Devore, mas não foi registada em vídeo.
Enquanto as Devore se concentram na ressonância da caixa do instrumento, que excita por sua vez o ar do auditório, as MBL dão ênfase às cordas e ao ar do estúdio.
Curiosamente, o nosso cérebro processa o que está aparentemente em falta e completa a imagem. A verdade é que, em ambos os casos, não parece faltar nada; a apresentação da música é que tem prioridades acústicas diferentes, dependendo do sistema que estamos ouvir.
A meu pedido, os subwoofers (ver foto) foram desligados, porque só fazem sentido quando a sala está cheia de um público entusiasta. Mesmo assim, reproduziram todos os géneros musicais com incrível realismo. No vídeo abaixo, vai poder ouvir:
- ‘Nola’, de José James (apenas instrumental, aqui sem a voz de James), com o timbre correto de todos os instrumentos, incluindo a bateria e o baixo;
- ‘Nobody’, cantada com ritmo e convicção por Cécille McLorin Salvant, do álbum ‘WomanChild, sobre um substrato de piano bem temperado e percussão dramática no melhor estilo musical de New Orleans.
Luxman em exclusivo na Imacustica
Mas Manuel Dias ainda tinha duas surpresas para nós, ao revelar que passou a ser o distribuidor exclusivo da Luxman, em Portugal, em parceria com a Sarte Audio Elite.
Luxman L-509Z
Luxman D-07X
Luxman NT-07
Na Sala 1, estava em demonstração a seguinte instalação, que incluía já as recém-chegadas Sonus faber Sonetto V G2, que utilizam o famoso altifalante de médios Camellia desenvolvido para as inalcançáveis Suprema, apresentadas pela primeira vez, em Munique, no High End 2024:
- Colunas: Sonetto V G2 – 6.600€
- Amplificador integrado: Luxman L-509Z – 12.990€
- Leitor de Rede: Luxman NT-07 – 7.990€
- Leitor SACD/CD: Luxman D-07X – 7.490€
Sonus faber Suprema. Apresentação no âmbito do High End 2024, Munique.
Sonus faber. As novas Sf V G2 com unidade de médios Camellia, herdada das Suprema.
Nota: o sistema estava em processo de ‘queima’ apenas com uma ligação AirPlay, pelo que optámos por fazer apenas um breve registo para o Facebook. Mas a breve audição revelou-nos duas coisas: a Luxman fez 100 anos, mas ainda sabe o que faz, ou melhor, sabe muito bem o que faz; e as ‘camélias’ da Sonus faber parece que florescem também em arbustos mais pequenos, como as Sonetto V G2.
Azzolina Audio Quark + Jadis I-300 Integrated
O Mistério das Azzolina
Finalmente, no espaço aberto, tocava um par de misteriosas Azzolina Quark, alimentadas por um amplificador integrado Jadis I-300. Parece que vou ter de tirar um curso de Física Elementar para desvendar o mistério das Quark. Mantenha-se atento ao Hificlube.net e aperte o cinto, pois pode demorar um pouco…












