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2004

Highend2004:tradição E Inovação



Stand da McIntosh no HighEndShow2004


Nenhuma outra marca como a «Old Blu'Eyes» McIntosh concilia tão bem estes dois mundos, que eu, aliás, não considero antagónicos antes complementares. A par dos modelos de amplificadores a transístores multicanal, dos conversores digital/analógico da última geração e dos leitores DVD, a McIntosh continua a apostar nos prévios e amplificadores a válvulas com o mesmo empenho e orgulho que sempre mostrou nos últimos 50 anos.


A McIntosh e a Harley Davidson são dois símbolos da cultura e iconografia americanas naquilo que elas têm de melhor: o respeito pela tradição e pela qualidade, independente de modas e de estilos. Teimosamente americanos, mesmo quando as empresas dependem de capitais nipónicos para sobreviver. Ser conservador nem sempre significa ser retrógado, é antes uma forma positiva de afirmação cultural. E os japoneses sabem cultivar a tradição, a própria e a alheia. Nós por cá, confundimos tradição com folclore.


Talvez por isso no stand da McIntosh a vedeta convidada fosse a Harley-Davidson, que tem junto do consumidor o mesmo apelo sentimental, eu diria mesmo de culto: as pessoas entravam no templo escuro de paredes negras e veneravam os produtos expostos como «santos» no altar do Som, ou não fosse também o «som do motor» uma das características marcantes da Harley-Davidson.


Há um ponto de equilíbrio que não convém perturbar, entre a natural ânsia de modernidade (e de novidade) tecnológica, nomeadamente no campo digital, com o espectáculo das exibições de SACD e de DVD multicanal, e a inegável superioridade e beleza do analógico, tão óbvia e evidente que chega a ser chocante, mesmo para aqueles que, tendo nascido já na era CD, são de súbito confrontados com a realidade de um formato do tempo da outra senhora, que teima em manter-se vivo e actuante (venderam-se milhares de LP em Munique!) e uma indústria que continua a produzir gira-discos tão belos que justificam por si só o aforismo shakespeariano de que a beleza está nos olhos de quem vê. E nos ouvidos de quem ouve, acrescento eu.


A Transrotor deslumbrou com a exibição estática dos seus gira-discos, cujas fotos os leitores irão poder apreciar para a semana. Ninguém vai ficar indiferente, nem mesmo os detractores do LP, que foram educados na garantia de que o CD, por ser digital, é o som perfeito para sempre. Olhe que não Nuno Crato (Expresso), olhe que não.


E as válvulas brilharam também em Munique - em todos os sentidos: visual e acústico - , como velas acesas em honra do deus do Som. Dezenas de fabricantes continuam a apostar na tecnologia do vácuo para reproduzir música, por considerarem que é mais natural, mais humana e, porque não, mais bonita.


O HighEnd Show é ainda a grande praça pública onde novos criadores têm o espaço e a atenção dos media para poderem lançar novos produtos num mercado que quanto mais em recessão mais oferta parece ter.


A Acoustic Components, uma empresa austríaca, produziu um espectáculo privado onde um pianista e um violinista interpretavam uma Sonata de Mozart, que era a seguir reproduzida por colunas de som alimentadas por amplificadores a válvulas, sem que fosse possível aos laicos distinguir a diferença entre real e virtual.


Os israelitas da YG voltaram à Munique de má memória, desta feita para provarem que em Israel não se fabricam apenas bombas, nem se vive permanentemente no medo dos atentados, e exibiram o que consideram ser as melhores colunas de som do mundo. Serão? Saiba tudo já na próxima sexta-feira.

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