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2006

Ces 2006 - Highlights 17: Sony, Um Livro Aberto



Aspecto do núcleo central do pavilhão Sony


Tendo como referência os preços exorbitantes que a organização cobra pelo espaço no pavilhão central da CES, calculo que a Sony terá investido este ano qualquer coisa como 15 milhões de euros para montar o “acampamento” para o qual se transferiu com armas (e que armas!) e bagagens (trouxe a mobília toda, menos o Aibo: fechou o canil) da sua habitual localização periférica para o “centro da acção”.
A Sony encerrou o seu departamento de robótica, os Aibo vão passar a ser peças de coleccionador

No stand da Sony, havia jovens sentados pelo chão deslumbrados pelas imagens dos videoclips de jogos da Playstation 3 ou a jogar com a PSP


Só o stand da Sony seria bastante para me ocupar (e divertir à grande) durante três dias. Hélas, eu sou só um, e não tenho o dom divino da omnipresença, muito menos da omnisciência. Funciono um pouco como os repórteres da National Geographic, que destacam aspectos particulares de uma realidade abrangente, na esperança de que a parte transmita ao leitor uma ideia razoável do todo.
Sony leitor-Blu-ray


Sony Ericsson W180 Walkman


Sir Howard Stringer, o novo CEO da Sony, já tinha apresentado na véspera os quatro pilares fundamentais da actividade da empresa: Entretenimento, Cinema Digital, Alta-Definição e Playstation (a Sony extinguiu recentemente a sua unidade de robótica). De cada um destes departamentos destaco: Sony Reader, um livro electrónico, que permite fazer downloads (pagos) de livros completos, num total de 75 000 páginas, ideal para levar de viagem, uma tecnologia muito elogiada por Dan Brown; o telefone Sony Ericsson W810 c/Walkman para telefonar e ouvir música on the go; os novos LCD Bravia de 83 polegadas e resolução de 1080p, prontos para o Blu-ray; a Playstation 3, de que já falámos no Highlights 15; e ainda o cinema digital com tecnologia SXRD 4K e uma resolução que é, finalmente, igual à da matriz original (4096 x 2190 pixel!!), como se provou com a passagem de um videoclip de “The Da Vinci Code”, comentado por Tom Hanks e o realizador Ron Howard. Aqui para nós, esqueçam tudo o que já viram antes em cinema ou televisão: o 4K, também demonstrado durante os quatro dias de feira no stand da Sony (com filas de gente a fazer caracol), leva-nos para outra galáxia cinematográfica. Voltaremos a esta questão.
Sony PSP


Sir Howard exibiu ainda uma potencialidade da PSP não explorada entre nós: ver em qualquer ponto da casa ou no exterior em qualquer parte do mundo através da Internet os seus filmes e programas de televisão preferidos com a tecnologia Sony's Location Free, a partir de uma estação-base doméstica ligada a fontes de vídeo, que se pode comprar por 350 dólares (nos EUA, claro).
Sony Microvault fingerprint


Para já, vou debruçar-me em pormenor apenas sobre um dos mais interessantes gadgets
(além da MicroVault que só permite acesso aos dados com a impressão digital do dono) apresentados pela Sony: o livro electrónico. Será desta que os jovens se vão dedicar à leitura? Duvido, apesar de a Sony ter anunciado também a disponibilidade de títulos de banda desenhada…


SONY READER
Sony reader, o livro electrónico


Acabaram-se os livros para ler nas longas viagens de avião ou nas férias, no campo ou na praia, e que, regra geral, voltam para casa ainda arrumados no saco, substituídos sem dignidade na ocupação dos tempos livres por revistas cor-de-rosa com pretensas indiscrições (pagas) sobre a vida das celebridades que a televisão produz como salsichas para consumo rápido.


Agora pode levar a obra integral de Eça de Queirós (ou talvez não, a não ser que seja na versão em língua inglesa) ou do ubíquo Dan Brown (não há lojeca de livros em aeroporto onde ele não esteja exposto nos escaparates) que, à custa do sucesso editorial de “The Da Vinci Code”, já conseguiu reeditar outros livros anteriores que ninguém tinha lido, como “Angels and Demons” (outro best-seller) e “The Digital Fortress” (conhecia este?). E pode juntar-lhe ainda o “Guerra e Paz”, de Tolstoi ou “A Montanha Mágica”, de Thomas Mann, até um total de 75 000 páginas (cerca de 80 livros!), que se podem desfolhar com o simples toque de um dedo e ler como se de um livro em papel se tratasse (a bateria só dá para desfolhar 7 500 páginas, mas quem lê isso num dia?), tal a resolução do ecrã do Sony Reader, um livro electrónico que lhe permite fazer “downloads” pagos dos milhares de títulos já disponíveis a partir da loja online Sony Connect.


Os eBooks não são novidade. Mas ler umas centenas de páginas no monitor de um computador portátil provoca fadiga ocular. O ecrã de seis polegadas do Sony Reader, desenvolvido pela E Ink para o LIBRIe, o seu antecessor lançado no Japão em 2004, tem uma resolução tal que a imagem se assemelha a uma página impressa de um livro real sobre a qual se colocou um vidro transparente: cada imagem é apresentada como uma imagem estática, sem a cintilação devida ao entrelaçamento. O leitor pode ainda aumentar o tamanho da fonte até 200% para uma maior facilidade de leitura. Para mim já dava jeito…



O Sony Reader, que tem as dimensões de um livro tipo “paperback” (cerca de 17 x 13) e pouco mais de um centímetro de espessura, pode ainda ser utilizado para armazenamento e leitura de documentos em pdf e fotos jpeg. Está prevista uma “edição especial” para leitores com necessidades específicas. Eu proponho um Reader escolar com todos os livros de todas as disciplinas para evitar que os miúdos andem carregados com as pesadas mochilas nos transportes públicos e no caminho a pé até à escola. E, já agora, se não é pedir muito, por que não adicionar uma função que lhes permita também escrever no ecrã e guardar as notas para estudar em casa…


Algumas das principais editoras mundiais já mostraram interesse neste autêntico veículo cultural electrónico, pois a encriptação garante a inviolabilidade dos direitos de autor. Só há uma coisa que a Sony não me explicou: se a transferência de dados não é permitida, quando a memória está cheia, o que fazer com os livros lá armazenados e pelos quais pagámos o direito de leitura? Além da memória interna, o Reader utiliza cartões de memória. Mas uma vez registado o livro num cartão não posso transferi-lo para o computador e enviá-lo depois, mesmo que encriptado, para outro computador cujo utente tenha também um Reader? Provavelmente, cada registo vem acompanhado por uma “flag” que só permite a leitura num único Reader. Daí o claro apoio das editoras.


Neste momento, o livro mais requisitado é “The Colorado Kid”, de Stephen King. Mas se eu tenho de pagar 15 dólares para ler um livro no Reader não é preferível comprar a versão impressa? Sem os custos de produção, isto é mais um negócio da China. Daí o claro apoio das editoras…

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