Delaudio950x225
Publicidade


2012

Kef Anniversary Ls50: Doce De Tangerina



 


 


 


KEF LS50, o presente de Aniversário dos 50 anos da KEF


A KEF faz hoje parte do grupo financeiro Gold Peak, sedeado em Hong-Kong, como tantas outras marcas famosas da indústria britânica de áudio (a Quad, por exemplo). Mas a GP Acoustics soube preservar o legado histórico da marca (ver: KEF 50 Years of Innovation in Sound), ao mesmo tempo que investia enormes somas para desenvolver novas tecnologias.


   


KEF Blade (Highend, Munique 2012)


E para aperfeiçoar outras já existentes, como o revolucionário altifalante concêntrico Uni-Q, cuja última versão se baseia na unidade criada especialmente para as inovadoras Blade Concept, construídas em fibra de carbono, como “montra tecnológica da marca”, e agora comercializadas, num modelo em fibra de vidro, a que chamaram simplesmente Blade, uma verdadeira “lança” no mercado do áudio internacional.




Series R UniQ driver 


O HIFICLUBE esteve sempre presente nas estreias mundiais das Concept e das Blade. E também das LS50, no Highend Show de Munique. Entretanto, fez uma visita à fábrica de Maidstone, a maternidade das Blade, onde registou para a posteridade o passado, presente e futuro da KEF (Artigos Relacionados: KEF Blade, a star is born), e falou com os técnicos e investigadores e assistiu à demonstração de modelos da R Series, que já utilizam já esta nova unidade Uni-Q.


 


As LS50 pretendem “substituir” no mercado as “ultrapassadas” e descontinuadas LS3 5a, pois já não é tão fácil substituí-las no coração dos audiófilos conservadores, apaixonados por aquele som “vocal”, limitado nos extremos e “apurado” ao centro, uma exigência da BBC, para monitorizar no estúdio as vozes dos locutores nas transmissões directas de eventos e concertos.



Johan Coorg apresenta as KEF LS50 no Highend 2012, Munique  


Na sua apresentação das LS50, em Munique, Johan Coorg, admite que o objectivo da KEF era utilizar novas tecnologias e materiais para construir as LS3 5a do século XXI, com todas as características “humanas”, que as tornaram únicas, aos ouvidos dos audiófilos, e sem nenhuma das limitações: da resposta em frequência à dinâmica e pressão sonora máxima possível.  


Num artigo, também já publicado no HIFICLUBE sobre as LS50 (ver: Artigos Relacionados, Novidades KEF), os leitores poderão ler, ver e ouvir tudo sobre o desenvolvimento técnico e o design das LS50, além de terem disponível na secção Media o white paper original, um documento técnico em pdf de 25 páginas em inglês, com todos os pormenores da concepção e desenvolvimento, absolutamente a não perder.


 UMA MINI COM CORAÇÃO BRITÂNICO


O que se pretende hoje aqui não é, pois, transcrever partes desse documento em Português, como outros farão para encher papel e darem-se ares de especialistas, antes descrever aos leitores do HIFICLUBE em que medida a KEF conseguiu concretizar esse desiderato: fazer esquecer as LS3 5a, embora (e cito do teste de John Bamford, na revista Hifi-News) seja o mesmo que comparar o  actual mini da era BMW com o modelo original de Sir Alec Issigoni, de 1959, tanto em termos de qualidade de construção como de desempenho.


   


LS3 5a, uma das muitas versões autorizadas pela BBC, cujo fabrico não era exclusivo da KEF


As LS3 5a são um “caixotinho de madeira” simpático, que se ouve durante horas sem cansar, com um tweeter T27 e um médio B110, com tecnologia do tempo da outra senhora, aparafusados num baffle frágil, tudo muito atamancado, com uma moldura de feltro para controlar efeitos de difracção, e um bocado de “serapilheira” a fazer de grelha.


São óptimas. Mas reproduzem apenas a parte “fácil” da música. E também a mais “gostosa” admito: os registos médios centrados nas frequências da voz humana. São uma espécie da caixa de ressonância, que nos devolve ao confortável e difuso ambiente acústico e líquido do útero materno. O seu mito pode, pois, considerar-se de origem freudiana ou apenas fruto de saudosismo serôdio.


Saudosismo que também está patente na actual moda da sobrevalorização da 4ª classe do Estado Novo face à utilização massiva (excessiva?) de computadores no ensino actual.


É um facto que os miúdos não sabem a tabuada de cor, nem o nome dos rios e afluentes; as linhas de caminho de ferro ou o cognome dos reis, inventados pelos historiadores do regime, que nós aprendíamos à força de reguadas , “braços no ar” e “orelhas de burro”, e que apontávamos com o dedo titubeante num mapa amarelecido pelo tempo, sob a ameaça de um caroque certeiro com o longo ponteiro da lei, da ordem e do respeitinho, ou a chapada de proximidade que nos deixava os ouvidos a zunir. Os alunos hoje têm, felizmente, o Google Earth que nunca falha...    


A GERAÇÃO DOS COMPUTADORES


   


KEF LS50, simulação do interior da caixa acústica   Foi esta geração, que domina os computadores, que construiu as LS50. E até já sabia, por simulação matemática, como iriam comportar-se mesmo antes de existirem, do mesmo modo que se pode escolher hoje o sexo dos filhos e até a cor dos olhos. O mundo pulou e avançou, qual bola colorida. E se você ainda vive no tempo do “dantes é que era bom...”, as LS50 não fazem parte do seu mundo.
Mas, olhe, tem aqui uma boa oportunidade de apanhar o comboio do progresso e deixar de ir a banhos à praia do Restelo...


    


Simulação do fluxo de ar no interior do tubo flexível de secção elíptica do pórtico reflex    


Para cada problema presente na reprodução de som, as LS50 têm uma resposta previamente confirmada por um modelo matemático desenvolvido em computador: a forma convexa do baffle para melhorar a dispersão vertical e eliminar a difracção; o altifalante coaxial único para emular o ideal da mítica point source; o travamento interno para garantir a ausência de ressonâncias; a forma elíptica da saída do pórtico para reduzir a “turbulência” e o material flexível e poroso de que é feito o tubo para dificultar a passagem das médias frequências pelo pórtico. No papel, tudo tem uma razão de ser.
Faltava ouvir.


 CHEZ JVH COM DAN D'AGOSTINO


As LS50 tiveram tratamento de luxo chez JVH. Amplificação Dan D’Agostino (modelo estéreo) e prévio McIntosh C2200. Cabos Siltech, Nordost e Black Sixteen, fontes com ficheiros de alta resolução e música registada em CD, SACD e Blu-Ray. De notar que os bons resultados obtidos se ficam a dever também à excelência da amplificação. A sensibilidade e impedância relativamente baixa da LS50 deixaram o Dan D’Agostino impávido e sereno, enquanto as levava ao delírio. Mas qualquer bom amplificador com mais de 50W e boa capacidade de gerar corrente não terá dificuldades em obrigá-las a dar o litro.


O sucesso acústico das LS3 5a devia-se sobretudo à limitação de banda. A filosofia era: deixá-las fazer só aquilo que fazem bem. No séc. XXI, o mercado exige colunas todo-o-terreno. As LS50 têm mais extensão nos extremos de frequência, e não escondem o “lixo” debaixo do tapete da musicalidade para agradar.



Ilustração video do longo movimento de pistão do UniQ driver e respectiva performance no grave (video exclusivo do Hificlube by JVH)


A longa excursão da unidade coaxial de médios, bem sintonizada com o sistema reflex, permite-lhe reproduzir graves sólidos e sérios, que constituem a estrutura de suporte da ponte musical over troubled waters, pelo menos até ao limite do movimento de pistão (a caixa é pequena e as leis da física são isso mesmo: leis!). Quando atinge o limite, bate no fundo, embora recupere rapidamente e de forma graciosa. 


Não é possível “passar para a outra margem” da reprodução musical sem uma boa secção rítmica. Logo, uma boa reprodução de graves é fundamental, nem que para isso se tenha que jogar com a sensibilidade e a impedância. A KEF podia ter optado por uma coluna mais fácil de alimentar, o que implicaria ter o “pé mais ligeiro”. Ganhava-se em resposta transitória do grave o que, por certo, se perderia em imponência da massa sonora e grandiosidade do palco. Assim, sendo a limitação física a única - haja energia para as alimentar - a opção afigura-se-me como a mais correcta.


O agudo atinge um patamar com o qual as LS3 5a não podiam sequer sonhar in illo tempore. Para o integrar com a mesma qualidade patente na grande-gama-média era preciso encontrar uma solução. O acasalamento acústico faz-se assim no altar do som com a benção da dispersão polar integrada: o faseador em estrela, a que a KEF chama de “Tangerine Wave Guide ”, funciona como um 'chuveiro' acústico, melhorando a dispersão, e contrariando a direccionalidade à medida que a frequência de reprodução sobe no espectro áudio. Deste modo, obtém-se uma imagem mais ampla e uniforme em diferentes pontos de audição.



UniQ Tangerine Wave Guide     


É este o grande segredo do som das LS50. A dispersão emita o som vagamente difuso mas orgânico e musical das LS3 5a, mas aqui sem perda declarada de informação no agudo, ao mesmo tempo que produz uma “wave of sound” nos registos médio-graves que, com a ajuda do inovador sistema reflex, envolve o ouvinte num tsunamiacústico, só possível com colunas com pelo menos o dobro do volume interno.


 


Estou em crer que um sistema AV composto por 5xLS50 teria sucesso garantido e aceitação familiar. Há uma sensação de “espaço”, “volumetria”, “amplitude”, que ultrapassa as expectativas criadas pelas reduzidas dimensões das colunas e o design é agradável e não se impõe fisicamente, a não ser pela originalidade do contraste de cores entre o negro-piano e o ouro-rosa (não têm grelhas, não há como escapar a este impacte visual).


É óbvio que, apesar da utilização intensiva de computadores, alguém “afinou” de ouvido as LS50, sobretudo nos registos médios, tendo como referência as LS3 5a, incluindo até aquele toque q.b. de nasalidade que as caracterizava. No caso das LS50, é apenas uma vaga sensação que se limita a “humanizar” não a “caracterizar”.


No conjunto, o som é doce como geleia de tangerina. Uma receita “conventual”, que só se encontra à venda nas lojas gourmet de áudio. É aqui que a tecnologia moderna e a tradição da KEF convergiram para criar mais um notável “património imaterial da humanidade”: o som das LS50.


Se considerarmos a beleza do design, a excelência dos acabamentos, a inovação tecnológica e a performance acústica, tudo por um preço contido estrategicamente no limite superior dos 3 dígitos, as KEF LS50 merecem uma recomendação sem hesitações do HIFICLUBE.  


Para ouvir, saborear e lamber a colher. 


A KEF é distribuída em exclusivo em Portugal pela Infinite Connections, que irá disponibilizar as LS50 no mercado nacional por um preço aproximado de €999 (par).


Mais informações:
Infinite Connections, Unipessoal Lda.
Rua Consiglieri Pedroso, nº 71
Consiglieri Park, Edifício D, 5º Esq.º
Barcarena, 2730-055 Queluz de Baixo
Tel.: 214 342 296
Fax: 214 342 299
E-Mail: [email protected]
Imprensa: [email protected]


Delaudio950x225
Publicidade