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2009

Still Vinyl 09: Un Certain Regard

Still Vinyl 09: Un Certain Regard

Sem qualquer roteiro ou ordem específica passeei de câmara em punho pelas várias salas. Não terei entrado em todas, não terei ouvido tudo mas não me cabe a mim fazer a reportagem oficial. Deixo isso para o João Cruz que, além de ser parte envolvida, via Audiomania, faz melhores fotografias do que eu.

Nota: ver todos os vídeos no final do artigo
 
No fundo, fui lá visitar os amigos – e tive algumas experiências novas e bem interessantes. Fiz vídeos também, claro. Mas o vídeoHD exige mais tempo para editar. Por isso só a partir de hoje começam a ser publicados. 

A esforçada e simpática equipa da Audiomania provou que o anúncio da morte do LP foi muito exagerado. Como eu já escrevi: o LP continua vestido de preto porque quer assistir ao funeral do CD. A verdade é que havia sons menos bons mas não havia sons muito maus no Still Vinyl, algo que só pode ser explicado pela utilização exclusiva de gira-discos analógicos como fonte.
   


Ajasom: vista panorâmica da sala




Ajasom: as imponentes Nearfield Pipedreams
 
 
Comentário: A. Almeida obrigou-me a engolir um enorme sapo - literalmente. Há anos que tenho vindo a ouvir as Pipedreams em shows nos States, e nunca fiquei cliente. Harry Pearson disse delas que estão entre as 5 melhores do mundo. As Pipedreams que impressionam pela longa line array soam coesas e integradas mesmo a curta distância, o que é um milagre da física acústica com tantos altifalantes. Ao ponto de, sendo uma line source, soam quase como uma point source. Notável. Um som cheio, natural, que dominava a sala. Eu teria cortado um pouco no contributo dos subwoofers mas, tratando-se de um show, foi uma opção compreensível. Só não estou na lista para as testar porque não cabem na minha sala...

AUDIOELITE
   
  


Jorge Gaspar posa junto das Thiel CS3.7

 
 


Audioelite: Oracle Delphi V

 
 
Comentário:
 
Não sei se o 'Picnic Party' terá sido a melhor opção neste contexto. O 'Picnic' tem sons de percussão com transitórios muito limpos, sem dúvida, e a separação instrumental é de uma precisão microscópica. Ora, essas já são as características das 3.7: limpas, claras, precisas e sem distorção. Mas todos os timbres me soaram aqui um pouco 'up tilted'.
 
Pensei em propor baixar o braço no pilar para ajustar o VTA, mas José Júdice sabe o que faz e aposto que o VTA estava no ponto. 'Maître' Gaspar também deve ter notado isso, porque adicionou um 'sub' a umas colunas de banda larga para lhes dar um pouco mais de corpo.
 
No dia seguinte, voltei lá e Júdice ajudou-me a compreender melhor a situação: os modos da sala engoliam literalmente os graves na zona de audição. E o excesso audível junto às colunas difundia-se não para a sala da Audioelite mas para a sala ao lado...
 
Admiro a coragem de ambos para utilizar num show umas colunas que precisam de 300 horas de 'queima', e isto só para 'moldar' o metal dos estranhos altifalantes...
 
As Thiel CS3.7 não terão porventura o requinte nos médio-agudos dos melhores modelos das Revel, do mesmo distribuidor, mas suscitaram-me o desejo de as voltar a ouvir em condições mais favoráveis nas instalações da AudioElite. Com válvulas, por exemplo. Até porque assisti ao parto delas em Las Vegas, na CES 2006...
 
 
CENESTESIA



 
 

 

Comentário: A sala decorada sob a égide do LP era enorme - talvez a melhor sala do hotel - e estava dividida em duas partes: de um lado as Sonus Faber Liuto exibiam-se com um gira-discos Michell Engineering GyroDec c/ braço Tecnoarm e amplificação Copland CTA 405: do outro pontificavam as Stradivari Palladio c/ alimentação Jadis. Nunca cheguei a ouvir as Liuto. As Stradivari são muita fruta para um Jadis integrado - e subir muito o volume não ajudava em nada.

Malgré ça
, o som estava delicioso, com um ligeiro brilho que, no Domingo, ganhara já o desejado tom dourado das válvulas. As palmas para a Cenestesia no final justificam-se, plenamente.
 
Com a sala sempre cheia, não ousei interromper o espectáculo para pedir uma visita guiada ao João Pedro, que recebia convidados ilustres, como Préces Diniz...


DELAUDIO 

Delfim Yanez revela o segredo dos cabos que vieram do espaço


Sala da Delaudio

Comentário:
Sempre pragmático e com um apurado sentido das realidades, Delfim Yanez quis impressionar não pelo luxo mas pela acessibilidade do sistema que apresentou. Que tocava música: Leonard Cohen, por exemplo, num disco com uns bons 30 anos. Nada do que foi demonstrado ali está para lá do humanamente possível de adquirir. Excepto os cabos interconnects que vieram do espaço. Ando há meses a ver se lhe saco um par para ouvir. Mas parece que tenho de esperar pela próxima viagem do Space Shuttle...


DELMAX /IMACÚSTICA


 


Sala da Delmax

 
 


As ProAc D80R

Comentário: Guilhermino Pereira tem mais quilómetros de espiras que um piloto de ralis tem de estrada. E não é um demonstrador dogmático: sabe distinguir música e som e não faz discriminação audiófila. Na Delmax ouviu-se de tudo: dos Credence aos Pink; das prensagens de luxo aos discos com estalos (audíveis no vídeo!). No fundo, ouviu-se música. E com tal diversidade e ecletismo, não se pode afirmar que o som era assim ou assado. De uma maneira geral: correcto. Como sempre: profissional. Ou seja: bom. 
 
Nesta sala tive um reencontro muito especial com a Vitória que estava muito bem comportada a ouvir os Pink Floyd na 'sweet spot'. Ela já não se lembrava de mim. E eu não a reconheci. Os pais tinham-me apresentado a Vitória quando ela tinha apenas alguns meses na apresentação nacional das Stradivari, encontro que eu registei num artigo intitulado 
                                        

Sala da Exaudio


Comentário: A sala da Exaudio era gémea da Audioelite. Como as monitoras da ATC não eram de banda larga a questão do grave não se colocava do mesmo modo (literalmente). Apesar disso, era notório um ligeiro up tilt tonal que favorecia os registos médio-agudos. Como na altura tocava uma bigband com muitos metais - e eu sei por experiência própria que elas podem soar bem brilhantes ao vivo também - o resultado final acabou por soar mais limpo que agressivo. Até porque com analógico os agudos podem ser vivos ou brilhantes, nunca agressivos ou desagradáveis...

G&P AUDIO E VIDEO
  
 


Sala da G&P Audio

 
 

Basis Debut Signature (vacuum)
 
Comentário:

Luís Pires é um dos poucos if any produtores nacionais. O único que tem o seu nome num produto de...renome: a célula Benz LP. E o único que tem a coragem (continua a ter) de expor, em demonstração activa!, na CES.

Foi assim na CES 2002 com as Harpa, e vai ser de novo em 2010, com as Alfama.

E sabe-se como os shows podem ser ingratos para os produtos. Foi o caso agora. Quando entrei na sala, vindo de salas mais...eh... brilhantes, fiquei com a sensação que os tweeters das Olissipo estavam desligados. A discrição nos agudos é uma filosofia de longa data de LP. E ele garantiu-me que a resposta das Olissipo é as flat as can be. De facto, o cérebro foi-se habituando e o ubíquo Hugh Mazakella até acabou por soar dinâmico e empolgante.

Estive pouco tempo na sala, nem sequer me sentei, e conhecendo as Olissipo de outras andanças (tocaram muito bem no Porto), acredito que, assim como as salas da AudioElite e Exaudio 'chupavam' os graves, esta 'sorvia' agudos.

Disseram-me que no Domingo, as Olissipo foram à missa e estavam sem sombra de pecado. Graças a Deus, porque LP bem merece que o milagre de ser se converta também em ter. A carolice (isto é mais uma paixão alicerçada na ciência) só dá despesa e muito trabalho - eu que o diga... 
 
See you in Vegas, dear brother in...arms.


JORGE NUNES ALVES 
 

 

Comentário:

Jorge Alves é um filosófico do analógico. Entende que o LP não soa apenas mais natural é também biologicamente mais compatível com o ser humano e os seus ritmos de vida. Nunca a expressão  take your time, there’s only one life, live it well fez tanto sentido como agora. É por isso que o Jorge vende LPs e equipamentos para os tratar e reproduzir. Nos intervalos, luta por uma Cril mais ecológica. Há pessoas que nunca desistem. Resistem a tudo. Como o LP...
 
 
PAUCA SED BONA

Avid Acutus
  

Comentário: Talvez fosse um espaço menos nobre mas quantas vezes é preferível a uma sala cheia de maus modos. Com excepção da Avid, não conhecia o material em demonstração: amplificação Pure Sound A10 e colunas XTZ. Som muito limpo, com bom sentido rítmico, apenas com o senão de um estranho ênfase nos registos médios altos que lhe conferia um excesso de sharpness. Musical mas pouco natural. Afinação do VTA? Tweeter de fita muito “puxado”? Num show, em campo aberto, em poucos segundos, qualquer opinião negativa pode ser injusta. Mas o microfone registou o mesmo que eu ouvi. E os microfones não têm sentimentos...


POLIFER

Comentário: João Velez é um dos meus leitores mais fiéis. Mesmo quando eu dou opiniões negativas sobre a sua sala, como foi o caso do último Highend Show, no Villa Rica. O respeito é mútuo e ele sabe que eu tento ser imparcial: a verdade por vezes dói, mas também liberta, como neste caso.

As Burmester B30 são de uma naturalidade tal que me trouxeram à memória as gigantescas Soundlab. Não na gravitas, muito menos na imponência do som associada à imponência física. Mas no low profile. As B30 são o émulo do próprio João Velez: discreto, humilde e grande conhecedor audiófilo e musical. Parabéns!

Isto é highend puro. Só não gosta de dar nas vistas. A voz, os timbres soou tudo tão, tão natural, que as análises estruturais deixaram de fazer sentido. Gostei. Ponto final. O microfone também gostou. Oiçam com auscultadores e prestem atenção à voz que se ouve em fundo primeiro, depois em destaque.










 
RUI BORGES TURNTABLES
 

Sala Rui Borges Turntables/Zen Audio
 

Na reportagem virtual do Audishow 2008 (virtual porque pretendia ser uma tomada de posição) escrevi, então:

“Que mais posso dizer do Rui Borges? Parece alimentar-se do ar e da música, como os seres celestes, que sendo alma negam o corpo. O Rui faz sons por medida que caem sempre bem a todos os ouvintes: sem pregas nem rugas, com costuras perfeitas e tecidos harmoniosamente ricos de texturas complexas e requintadas. Com as Amati reescreveu pela pena da Audio Research a Ars Amandi na alcova circular do seu gira-discos, onde voluptuosos violinos e guitarras eléctricas giraram sem discriminações sociais, porque todos os artistas são filhos de Deus. De um Deus maior, no caso do Rui...”

No Still Vinyl só temos de substituir Audio Research por Demidoff (que me soa a válvulas) e Amati por Xavian Mediterranea. Quanto ao UNO não é mais que a extensão do próprio Rui Borges.


DO UNO AO PRIMO

Na outra sala, pontificava o RB Primo que o Rui passou a descrever: é o passo seguinte na evolução do Uno.

 
SUPPORT VIEW
 
Gira-discos ProJect

Um jardim multicolor de gira-discos ProJect com música ambiente agradável. Entrei e saí. Não falei com ninguém. Ninguém falou comigo. Mas gostei do som que vinha das Canton brancas. Até a câmara dançou... 
 

TRANSOM
 
Rui Calado/Transom

 

A Transom é uma empresa emblemática no panorama audiófilo nacional. Carlos Moreira sempre apoiou todas as minhas iniciativas e eu as dele. Daí nasceu mais do que uma relação institucional, uma amizade. Se considerarmos que Mestre Rui Calado, um amigo do peito, é colaborador da Transom, onde eles estiverem sinto-me em casa. Fica o disclaimer como se diz agora.

A Transom abanou com o terramoto da deserção da B&W (Classé e Rotel) da ArtAudio mas não caiu. Ora este espírito deve ser reconhecido, num país disposto a atirar a toalha para o ringue ao primeiro golpe. O filho do Rui é campeão e lutador profissional – sai ao pai.

Com o que restou da prata da casa, a Transom montou num espaço exíguo um sistema composto por colunas Focal, amplificação Nuforce e fonte ProJect que, para não variar, tocava música. E não era esse o objectivo do Still Vinyl?...

That’s the spirit guys!...
 


Sala Transom

 
 

ULTIMATE AUDIO


As Ascendo tinham acabado de chegar e o grave estava ainda verde. Tratando-se de uma coluna full range era natural que o altifalante oculto se revelasse incompatível aqui e ali com os modos da sala. Contudo, no Sábado, uma breve audição sentado deu para perceber que este tweeter de fita era a melhor unidade de agudos a actuar no Still Vinyl. O poder de resolução é de tal ordem que eu ouvi vibratos e glissandos em discos mil vezes tocados que não sabia que existiam, apenas adivinhava que lá estavam.

Sobretudo com discos que não exigiam o contributo activo do “oculto”, como foi o caso de um LP de Satchmo, num tributo a King Oliver. E por ausência do “oculto” aqui refiro-me apenas ao altifalante de graves que “dispara” para baixo, pois para ressuscitar Louis Armstrong cheguei a pensar que alguém tinha convocado as forças do dito.

A voz gravilhenta do velho Satchelmouth, nunca fez tanto jus à sua alcunha (se O Miguel Carvalho tivesse ali à mão um um bisturi podia tê-lo operado às amígdalas...), e o trombone de vara de Trummy Young atingiu patamares de realismo tal que se “via” a expressão do músico a soprar por trás da boca da corneta.

Do esgar de esforço ao sorriso de dever cumprido, foi tudo captado na perfeição pelos microfones Telefunken, colocados numa configuração M-S, e reproduzido a contento pelas Ascendo. Sábado foi dia da ascensão ao céu audiófilo.




Sala Ultimate Audio




Kuzma Stabi



VIASONICA



Sala da Viasónica


Comentário:
 
A arte de meter o Arco da Rua Augusta (o conjunto B&W 802/McIntosh é um monumento ao áudio) na Betesga. Ou como as salas pequenas chegam onde não chegam as grandes. Mais um que ressuscita mortos (?): Elvis desta feita!

Filmei mais do que ouvi (a sala estava a abarrotar) mas deu para perceber que este é um casamento feito no céu. As B&W802D parecem preferir os americanos McIntosh aos canadianos Classé.

Ou então foi do gira-discos Rui Borges...
 
ZENAUDIO


 


Sala da Zen Audio
 
Comentário:
 
Miguel Pais fez uma feliz parceria com o Rui Borges na sala da Xavian. Na outra sala actuava um sistema digital Lyngdorf. Digamos que o Miguel foi o único a furar o embargo, pois o sinal do gira-discos RB Primo era digitalizado de forma a poder ser tratado pelo complexo igualizador do Room Perfect.

O Room Perfect consegue o milagre de integrar no tempo e no espaço duas caixas de graves situadas bem atrás dos elegantes satélites.

A coisa funciona, sem dúvida. Mas depois do trio Uno/Demidoff/Xavian Mediterranea notei menos “ar” e também menos altura e profundidade no palco sonoro. O palco era amplo no plano horizontal (as colunas foram colocadas bem afastadas) mas não tinha a mesma tridimensionalidade. Uma questão de afinação? O Miguel defende que com mais tempo o sistema Lyngdorf seria capaz de dissipar todas as minhas reticências...


Para tirar dúvidas pedi para ouvir a faixa de abertura do Messias, de Haendel, na versão de Hogwood (excelente) e, pelo menos naquele contexto, preferi a interpretação Uno/Demidoff/Xavian Mediterranea: mais transparência, riqueza harmónica e beleza tímbrica aliada a um “bloom” típico das válvulas, embora o Demidoff seja a transístores: I’ll be damned if it didn’t sound like a tube amplifier...
 
 STILL VINYL 2009 EM VÍDEO 
 

Veja também: Still Vinyl after all these years (2007)

Still Vinyl 09: Un Certain Regard


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