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2009

Shure Srh840: Auscultar O Coração Da Música

Shure Srh840: Auscultar O Coração Da Música

É raro testar auscultadores. Tive uns Sennheiser HD650 durante anos. Achava-os leves – e aqui refiro-me ao som – e algo brilhantes mas extremamente informativos. Recorria a eles sempre que pretendia “auscultar” a música. Ou então para não incomodar a família, embora fossem semi-abertos. Depois disso, só me lembro de ter testado com enorme êxito os Sony MDR-SA500. O teste está disponível no Hificlube (ver em Artigos Relacionados). Os graves eram excepcionais, diz-me o registo escrito para memória futura e a memória presente do passado recente.


De uma ponta à outra


Quando o mês passado escrevi um artigo sobre os microfones Shure (ver em Artigos Relacionados), ocorreu-me que ninguém melhor que um fabricante de microfones tem capacidade para fabricar auscultadores de excelência. No fundo, microfones e auscultadores são a mesma coisa e o seu contrário: apenas uma membrana que vibra para produzir som colocada em pontas opostas da cadeia de reprodução sonora.


Com a experiência que a Shure tem de som de estúdio – e das exigências de quem neles trabalha, a nossa Mariza, por exemplo – os SRH840, que não custam fortunas como os topos de gama da Sennheiser, Grado, Denon, para já não falar da Stax, seriam o ideal para eu poder monitorizar o som dos meus vídeos antes de os disponibilizar aos leitores do Hificlube. Como os videos são registados com som ambiente directo, ouve-se de tudo: além da música, tosse, pigarreio, comentários, bocas, entre “este é o JVH do Hificlube” e “o que é que este gajo quer...”.
 

Shure SRH840
 


Quando os Shure SRH840 chegaram, já lá vão uns 2 meses, fazia calor. E embora sejam confortáveis, sendo de “concha” fechada e circumauriculares (envolvem a orelha toda), fizeram-me sentir algo incomodado, suado. No Verão e com tempo quente, prefiro aqueles brinquedos de espetar no ouvido. Claro que se perde a sensação de imersão total, mas este é o tempo da imersão na piscina ou nas ondas do Guincho e não propriamente da audição intimista.
 
Nota: admito que tendo apenas meia dúzia de cabelos numerados e estrategicamente colocados para ocupar o máximo espaço na enorme extensão da minha calvície, não gosto de usar auscultadores porque a bandelette me despenteia...
 
 



Jecklin Float

Com o regresso das temperaturas amenas e baixas, já apetece mais usar o capacete acústico, se bem que comparados com os claustrofóbicos Jecklin Float (na foto) as 318 gramas dos SRH840 sejam uma autêntica pena. Há dois outros modelos mais baratos mas o que eu pretendia era ouvir até onde a Shure estava disposta a ir. E vai muito longe.


Pequenos luxos
 




Para começar na apresentação do produto. Além do cabo e da ficha amovível (Jack e Minijack dourados), na embalagem oferecem ainda um par de almofadas sobressalentes e uma bolsinha de pele sintética onde os SRH840 cabem num milagre de contorcionismo (são articulados).


À primeira audição fiquei um tudo nada desiludido. Achei-os laid-back nos agudos “fechados” demais, passe a redundância, pois são do tipo fechado. Com a utilização intensiva, contudo, o som ganhou ar e transparência. Mesmo assim para quem está habituado aos auscultadores vulgares há um estranha sensação de que falta “qualquer coisa”.


Neste aspecto, lembram os famosos auscultadores electrostáticos Stax. A fama dos Stax cria em nós uma expectativa enorme e, quando os colocamos pela primeira vez, parece que não têm agudos. Assim é com os Shure também. Até que percebemos que o objectivo deste equilíbrio tonal é misturar judiciosamente o agudo no conjunto alargado do espectro audível sem o tradicional ênfase dos auscultadores menores. A Shure foi de facto muito democrática na distribuição de funções. Nenhuma das gamas: graves, médios e agudos tem aqui prevalência sobre a outra, embora em última análise sejam afinados com base nas “cores” quentes.


Nota: A Shure não os afinou para se evidenciarem numa comparação rápida numa loja. Tal com os televisores em exposição comercial com cores e contraste puxados para sobressairem, há auscultadores “vivos” para impressionarem em poucos segundos. Os SRH840 são instrumentos de trabalho: impressionam a longo prazo. 


Coligação democrática


Esta coligação perfeita das diferentes gamas permite “governar” a música sem sobressaltos. Mesmo a níveis elevados não sentimos nunca o desejo irreprimível de os tirar ou baixar o som, antes nos comprazemos no gozo acústico proporcionado por esta apresentação contraditória: low profile com abundância de detalhe implícito patente nas nuances interpretativas. 



 




Os Shure SRH840 foram concebidos para audições profissionais prolongadas. O objectivo é ouvir tudo sem cansar por excesso de informação. Por outro lado, são extremamente dinâmicos, permitindo distinguir pormenores de baixo nível sob a avalanche harmónica que se segue à correcta reprodução dos sons fundamentais. A sensação de estar directamente ligado à mesa de mistura ocorreu-me mais do que uma vez.


O grave, apesar de ser de grande qualidade, não atinge – se a memória não me falha – a profundidade e impacto do grave dos Sony MDR-SA500  - mas tem a vantagem de não se armar em vedeta, ao não se destacar do resto do espectro, tal como acontece com o agudo, aliás. Desta colaboração sónica resulta uma agradável continuidade tonal e temporal.


Em alguns casos (vozes masculinas, por exemplo), a continuidade do grave estende-se para lá do que seria desejável até aos registos médio graves. Contudo, esta é uma opção válida para conferir corpo à anemia generalizada das saídas da maior parte dos leitores-CD. Com um bom amplificador de auscultadores - e dou como exemplo o do prévio McIntosh C2200 -, os Shure sentem-se em casa, que é como quem diz no estúdio. E nós com eles. Até, porque, sendo sensíveis e fáceis de alimentar, atingem níveis muito elevados de pressão sonora sem qualquer sensação de desconforto para o utente.


Mais do que a soma das partes


Se considerarmos o preço (€199,90!!), a qualidade de construção e a performance dos Shure SRH840, não sei se estes não serão o “Best Buy” mundial em auscultadores. E só não o afirmo peremptoriamente porque, não sendo um grande utilizador, pelas razões já aduzidas, vou precisar de me actualizar antes de me pronunciar. Contudo, posso afirmar que todos os outros que já ouvi, e que eventualmente os podem superar no todo ou em parte, custam no total muito mais que a soma das partes. E nunca ouvi nenhum melhor que custe menos que o dobro dos Shure SRH840. Ou será o triplo?!...


Os SRH840 estão na minha short list para substituir os velhos Sennheiser HD650. E se não os têm pedido de volta com urgência (estão esgotados...), já não saíam cá de casa. Cordialmente (de coração) recomendados.


DISTRIBUIDOR: ELECTROSOUND


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Nuno Pinto de Sousa

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Shure Srh840: Auscultar O Coração Da Música


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