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2007

Prima Luna Dialogue Two E Esoteric X-01 D2: Basta Clicar, E Já Está!






Estou de partida para Munique, e não tenho tempo para elaborar um teste formal a estes dois componentes áudio de eleição. Contudo, desde o Hifishow que tenho tido o prazer de conviver com eles, na companhia das belas Elipsa, e não quis deixar de escrever uma notas sobre a experiência de audição apaixonante que ambos me proporcionaram.


E tudo porque basta um clic no controlo remoto para sermos concretamente confrontados com algo que tem servido de combustível audiófilo para acesas discussões abstractas sobre se o modo tríodo é melhor que tetrôdo ultralinear, no caso do Dialogue Two; ou, com o X-01 D2, qual é o melhor dos tipos de conversão digital/analógica: Multibit, 1-bit (Bitstream) ou DSD. Neste caso, não é o diabo que escolhe - é você e eu: basta clicar!...


DIALOGUE TWO

Quando testei o Prologue Two, terminei com uma questão existencial: se isto é o “Prólogo”, o que será o “Epílogo”? Ainda não foi desta que a Primaluna revelou o “Epilogue”, preferiu “dialogar” com o seu numeroso clube de fãs a nível mundial. Como manobra de diversão, foi lançada on the side a marca Mystère, tendo eu já ouvido ambos os modelos (com válvulas EL34 e KT88). O som é mais limpo e dinâmico que os correspondentes modelos Prologue, mas a principal diferença parece residir no vestido negro de cerimónia. Digamos que é a versão Deluxe dos Prologue.


Já os Dialogue são um salto qualitativo substancial. Embora utilizem a mesma topologia e técnica de autobias, a possibilidade de os podermos utilizar no modo tríodo não é despicienda. Por outro lado, a potência “subjectiva”, porque objectivamente há um limite para a potência que se pode gerar com as válvulas utilizadas, é mais elevada, ou pelo menos soa-nos assim.

No fundo, o que temos aqui são transformadores de saída de muito melhor qualidade, que permitem um comportamento electroacústico em sobrecarga mais gracioso. Dá gozo ouvir os Dialogue no limite, porque a distorção de 2ª harmónica é agora (não me atirem pedras, please!) ainda mais musical e acusticamente saborosa.


Na voz dos Prologue sentia-se uma certa tensão, chamem-lhe dureza, quando se viam em dificuldades. Os Dialogue tornam-se expansivos e emotivos, tal como outros grandes amplificadores a válvulas de baixa potência. Estou a lembrar-me dos Jadis Orchestra. Talvez por isso eu opte por aumentar as dificuldades e prefira o modo tríodo, mais humano e menos enérgico, em detrimento da maior fogosidade, articulação e definição do modo ultralinear. Basta para isso que no acto de “clicar” entre um e outro eu se compense a diferença de menor potência dos tríodos com um toque no potenciómetro (o controlo de volume à distância é um pouco brusco, uma espécie de turbo).


ESOTERIC X-01 D2

No modo Multibit este é um dos melhores leitores-CD/SACD do mundo. Agora que o Reimyo CDP-777 foi descontinuado, não sei mesmo se não será também o melhor leitor-CD tout court. Quando o recebi tinha o modo 1-bit (Bistream/DeltaSigma) como default, e admito que terá sido assim que foi demonstrado no Hifishow (isto, partindo do princípio que é o mesmo exemplar).


E comprende-se porquê: no modo 1-bit, o X-01 D2 é mais redondo, cativante e expansivo, digamos para utilizar um lugar comum que é mais “musical”. Mas perde para o Multibit em todos os parâmetros que a mim me satisfazem: dinâmica, ataque, presença, detalhe, ar, transparência e, sobretudo, “decay”, essa arte sublime dos sons morrerem em palco, lentamente e com dignidade como a chama de uma vela (Out, out brief candle!), afogando-se no oceano negro do silêncio.


Ao princípio optei pelo DSD, mesmo para reproduzir CD, mas o Dialogue ajudou-me a perceber que o som, embora harmonicamente requintado e leve, perdia densidade e substância. A voz de Mariza ganhava em luz o que perdia em palpabilidade. Contudo, tal como já tinha concluído, quando testei o Denon DCD SA1, a conversão DSD é a minha primeira escolha para ouvir SACD. E assim será enquanto o SACD existir.



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